Há mais de um ano, Jair Bolsonaro (sem partido) promete comprovar que as eleições presidenciais foram fraudadas. Porém, a autora da PEC (proposta da emenda à Constituição) do voto impresso, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), admite que não é possível provar que exista fraude no pleito.
“Não vou entrar nesta seara. Sabe por quê? Porque eu não vou falar uma coisa que eu não possa provar. Eu não posso provar que teve fraude. Sabe por quê? Porque o sistema não é auditável”, disse a deputada em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
“O eleitor não tem como provar. Ele só sabe o que ele viu, que o voto dele não apareceu naquela urna. Aí você quer jogar para o eleitor o ônus de provar uma fraude? Isso é uma prova demoníaca. Não tem como. Agora, existem muitos indícios de problemas. Se foi fraude, se foi problema técnico, eu não sei”, afirmou.
Neste sábado, Bolsonaro havia dito que apresentará o que chama de prova de que Aécio Neves (PSDB-MG) venceu Dilma Rousseff (PT) em 2014 —algo que o próprio deputado tucano nega. Bolsonaro já questionou a credibilidade das urnas eletrônicas por diversas vezes desde 2019.
Com várias camadas de proteção e auditoria, o sistema de votação usado no Brasil desde 2000 nunca foi questionado anteriormente. As auditorias são realizadas por grupos externos ao Tribunal Superior Eleitoral.
Mesmo que avance na comissão especial, para ser aprovada, a PEC do voto impresso precisa de ao menos 308 votos na Câmara —de um total de 513 deputados— e 49 no Senado —de um total de 81 senadores. A votação acontece em dois turnos e para valer nas eleições de 2022, o projeto precisa ser aprovado até outubro.
DCM.