Apreensões de carros de luxo, pedras preciosas, interceptação de criptomoedas e até resgate de animais. A Operação “La Casa de Papel”, da Polícia Federal, desativou um esquema milionário que envolvia os evangélicos bolsonaristas Ivonélio Abrahão da Silva (48), que se apresenta como “Apóstolo Abrahão” e fundador da igreja MIRN (Movimento Internacional Restaurando as Nações), com sede em Belford Roxo (RJ) e seu filho e marido da cantora Perlla, Patrick Abrahão, de 24 anos.
A MIRN tem como slogan “a igreja da família feliz”; mas outra empresa – fora a igreja que criaram – também fazia sucesso nos negócios: a Trust Investing, uma pirâmide financeira que movimentava milhões de reais em criptomoedas e ativos. O curioso é que eles fizeram e fazem campanha pela reeleição do presidente Jair Messias Bolsonaro. Em 2018, o Jair também foi o preferido da família.
Ele e seus seguidores, a maioria pastores e evangélicos de várias denominações, se dizem a favor da família, da moral e dos bons costumes, mas frequentemente são descobertos em casos de violência, falcatruas, escândalos e até assassinatos.
Nas eleições de outubro, o “Apóstolo Abrahão”, Ivonélio, compartilhou no Instagram, onde tem 92,6 mil seguidores, mensagens a favor da reeleição de Jair Bolsonaro, incluindo um vídeo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso sob acusação de ameaçar o ministro do STF Alexandre de Moraes, e outro citando Deus e o número eleitoral de Bolsonaro.
Patrick Abrahão empilha, nas redes sociais, fotos ao lado de carros de luxo, dentro de aviões e hotéis de luxo, aparentando viver uma vida agitada em lugares paradisíacos como Dubai e Cancún, no México.
As operações entre Ivonélio, sua igreja, Patrick e a Trust Investing estão sendo mapeadas pela Polícia Federal. A investigação já descobriu, por exemplo, que a igreja de Ivonélio remunera a empresa de segurança privada encarregada da segurança pessoal do pastor, de seu filho e dos três principais outros operadores da Trust Investing – Diego Ribeiro Chaves, Fabiano Lorite de Lima e Cláudio Barbosa.
A Polícia Federal continua as investigações. Mais de 1,3 milhão de pessoas foram prejudicadas, com a alegação de “ataque de “hackers”, auditorias e mentiras”. Também já foram suspensas as atividades econômicas de 26 pessoas jurídicas, inclusive da igreja MIRN.