Tem coisa que só acontece na Paraíba e me vem à mente uma pergunta que Herbert Viana fez a platéia do show do Paralamas no Espaço Cultural ainda no início da carreira:
– Porque vocês são tão babacas?
Ele foi agressivo, eu concordo, mas estava sob uma chuva de latas de cerveja e procurou depois acalmar dizendo:
– Gente, eu sou daqui, sou paraibano como vocês.
Aqui na Paraíba, e só aqui, existem dezenas de programas de rádio com foco na política, dezenas de repórteres cobrindo as sessões das câmaras e Assembleia e também um monte de picaretas com microfone sem fio, que no jargão do jornalismo significa que estão ali sem conexão e só pra extorquir.
Blog e site aqui virou espetinho e tem um em cada esquina. Sinceramente, não sei aonde vai parar e nem o que farão os gestores pra dividir a verba de comunicação com tantos.
É que a maioria surge pra beliscar os recursos disponíveis pra públicizar às ações dos poderes executivo e legislativo.
Chegou a hora de separarmos o joio do trigo e criarmos um filtro para regular o mercado. A Associação das Mídias Digitais ( AMIDI) deu o passo certo quando costurou com o TCE a sugestão do custo por mil, onde a verba é aplicada proporcional à audiência.
Mas, defendo algo mais radical. Uma operação limpeza para que só tenham acesso aos recursos públicos específicos para comunicação aqueles que realmente sejam da área, que paguem impostos, que gerem empregos e que façam jornalismo.
A realidade é que o mercado foi invadido por todo tipo de vigarista e, se não tivermos a coragem de fazer a limpeza, a bolha vai estourar e aí todos perderemos, pois os gestores não aguentam mais tantos blogs e sites fantasmas, como se tivessem criado uma grande caixa de beneficiência.
Dércio Alcântara