Alguém pode dizer que sou suspeito pelo fato de ter sido o marqueteiro de sua campanha, mas o testemunho a favor de Dinaldinho que vou escrever aqui é a verdade incontestável.
Dinaldinho venceu a eleição e quase renunciou antes de tomar posse, quando teve um choque de realidade ao ficar sabendo do abacaxi que tinha para descascar.
Inexperiente no Executivo, errou na escolha de parte da equipe e a grande expectativa que sua vitória criou virou um fardo pesado de carregar e não exonerar todos os prestadores de serviços e comissionados que encontrou foi o seu maior erro.
Dinaldinho perdeu o sossego e a privacidade quando assumiu e o fato de seus adversários terem perdido a eleição por causa do escândalo de grandes proporções da Operação Desumanidade fez com que sofresse oposição acirrada e sistemática.
Quem conhece Dinaldinho sabe que sua maior falha é ser seco no trato pessoal, exatamente ao contrário do populismo das lideranças que o povo da cidade de Patos tá acostumado.
Veio o São João e ele se sentiu em uma camisa de força. Fazer sangraria os cofres; não fazer lhe levaria para o fundo do poço político.
E as dificuldades foram se acumulando, a cobrança por emprego aumentando e Dinaldinho precisava melhorar a arrecadação e dessa necessidade veio o abismo. Ele reformou o código tributário e atualizou os impostos e numa cidade que sonega essa foi a gota d’água.
A popularidade dele despencou e tudo que ele fez caiu por terra, apesar de ter feito o que era certo do ponto de vista da boa gestão.
Pra completar, veio essa operação Cidade Luz que estourou no Rio Grande do Norte e uma delação premiada sem provas provocou seu afastamento.
Dinaldinho não foi desonesto, mas também não foi populista, como os seus antecessores. Hoje ele é vítima de uma grande injustiça e os seus eleitores desrespeitados em sua decisão soberana.
Penso que devolver a Dinaldinho o cargo para o qual foi eleito não lhe devolverá os quatro meses que esteve injustamente afastado, mas evitará que Patos mergulhe no caos que cidades como Cabedelo e Bayeux mergulharam.
Dércio Alcântara