Um dia depois de ser condenado, o ex-presidente Lula acusou, nesta quinta-feira, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de formarem “um cartel” para condená-lo de forma unânime e não lhe dar o direito de apresentar os embargos infringentes.
Ao ser lançado candidato a presidente pelo PT, Lula disse nesta quinta-feira não ter “nenhuma razão” para respeitar a decisão do TRF-4.
— Este cidadão simpático que está falando para vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem — discursou.
O petista proseguiu:
— Quando as pessoas se comportam como juízes eu sempre respeitei. Mas quando as pessoas se comportam como se fossem de dirigentes de partidos políticos, contando inverdades sobre as pessoas, eu não posso respeitar.
Lula acrescentou que não pode perder o respeito dos petistas e de sua família.
— Se eu respeitar, eu perderei o respeito da minha neta de seis meses, da minha filha, do meu filho e perderei o respeito de vocês.
O petista ainda disse que os três desembargadores analisaram durante um prazo diferente o processo, mas, mesmo assim, apresentaram votos iguais. Os magistrados Leandro Paulsen, João Pedro Gebran Neto e Victor Luiz dos Santos Laus foram unânimes em sua decisão de manter a condenação do ex-presidente, originalmente decidida pelo juiz Sergio Moro. Além disso, o trio também decidiu aumentar a pena estabelecida, que passou a ser de 12 anos e um mês de prisão.
— Construíram um cartel para dar uma sentença unânime — afirmou Lula, ao discursar logo após ser aclamado em reunião da cúpula do PT a candidato a presidente.
O petista ainda disse não ter ficado surpreso com a condenação por 3 a 0.
— Desde o começo acreditava que seria 3 a 0. Por isso, não sofri tanto como alguns companheiros.
No final do discurso, Lula disse que aceita a indição do partido:
— D. Pedro criou o dia do fico. Eu crio o dia do aceito.
Esse não é o primeiro discurso de Lula após sua condenação em segunda instância. Na noite de quarta-feira, o ex-presidente se dirigiu à Praça da República, no centro de São Paulo, e discursou para manifestantes. Acompanhado de lideranças do PT, como Celso Amorim e Luiz Marinho, ele se comparou a “Tiradantes e Mandela” como perseguido político.
A decisão do PT de manter-se com a candidatura de Lula tem afastado potenciais aliados na corrida para o Planalto no fim de ano. De acordo com analistas, é bem possível que outras agremiações possam passar a trazer seus próprios candidatos nas eleições.
Fonte: O Globo