Nada é tão ruim que não possa ficar pior. Como se já não bastasse toda essa onda negativa contra a maior empresa do País, vem agora a fatalidade dessa explosão no navio plataforma, em Espírito Santo, com três mortes e dezenas de feridos confirmados até às 17h40 desta quarta feira.
Como pode uma empresa que anunciava ao mundo a descoberta da maior reserva de petróleo já encontrada, o pré-sal, de repente sucumbir numa crise que parece não ter fim?
É fato que a nossa classe política marginal saqueia a Petrobras há décadas e o Petrolão é o que conseguimos descobrir.
Mas – que coisa! – a Petrobras produzir tanta notícia negativa contra si mesmo, numa auto-combustão fora do alcance de qualquer bombeiro, parece até uma trama internacional para tirar do Brasil a sua tão sonhada auto suficiência.
A corrupção implodiu todas a ascensão da Petrobras e tirou do Brasil o restinho de credibilidade nas bolsas de Nova Iorque, Tóquio e Londres.
SAQUEADA POR TODOS OS PARTIDOS
Saqueada por todos os partidos desde sempre, vejo na investigação, revelação e punição o caminho para mostrarmos ao mundo que o país da corrupção agora é o país da transparência e da punição exemplar.
Se todos os poderes estão com rabo preso e metade do Congresso recebeu propina do Petrolão, quem restará de mãos limpas para reconduzir o Brasil aos eixos?
Ninguém! – Logo dirá aquele que deseja o fechamento do sistema democrático e a volta da ditadura militar.
O impeachment de Dilma – Anunciará aquele golpista, que adora crucificar uns para salvar e ascender outros.
A descoberta da corrupção na Petrobras não pode ser usada como motivo para, quem esperneia uma derrota por falta de votos, chegar a um mandato no qual não foi eleito pela maioria.
A Presidenta Dilma não foi pega saqueando a Petrobras ou outro patrimônio público, não há provas contra ela e aqueles que conspiram nos corredores do Congresso Nacional não estão providos de estatura moral para atirar a primeira pedra.
O PSDB surfou no mar de lama da Petrobras e Aécio não é nenhum santo, pois tem esqueletos abafados no armário. O escândalo do superfaturamento dos trens e metrô de São Paulo também pega os tucanos de calças curtas e daquele ninho muitos estão passíveis de estrelarem o noticiário nos próximos meses.
A LINHA DE SUCESSÃO
O PMDB tem Renan com as mãos sujas, Eduardo Cunha com problemas gravíssimos e Temer não é nenhum santo. E os três fazem parte da linha de sucessão caso Dilma caia. O primeiro é o presidente do Senado, o segundo é o presidente da Câmara e o terceiro é o vice Presidente da República. O que mudaria se esses três assumissem o comando do Brasil?
O momento é de reciclar a política com uma reforma e não de condenar a política e a democracia, pois se fizerem isso sabemos perfeitamente o que virá depois. Um golpe militar ou a ascensão da extrema direita.
Dilma foi eleita para governar quatro anos e neste segundo mandato governou apenas um mês e meio. Querer mobilizar a população com base no reajuste da gasolina ou da energia elétrica é uma grande hipocrisia, pois se ganhasse Aécio ou Marina, ambos teriam que fazer o mesmo, pois os preços estavam defasados.
Ao invés de a sociedade ser mobilizada para ser cúmplice de um golpe de estado, melhor será mobilizá-la para debater a reforma política e a reforma tributária.
Ao invés de torcermos pela explosão de mais navios e cofres da Petrobras, torçamos pela ressurreição daquela que é a maior e mais conhecida das nossas empresas. Afinal, no momento que vivemos precisamos de bombeiros ou incendiários?
DÉRCIO ALCÂNTARA