Não apenas lamentáveis, mas também preocupantes a onda racista contra a jornalista Maria Julia, a moça do tempo do Jornal Nacional. Lamentável, pois o reacionarismo reflete retrocesso; preocupante, pois usa a rede social como plataforma e a multiplicação veloz contagia.
Racismo é crime, assim como é crime homofobia, intolerância religiosa, política e qualquer outro tipo de discriminação contra seres humanos e sua cor, classe social ou fé, e o mais violento deles, que é o ataque à liberdade de expressão. E vejo um pouco de cada um dessas que citei nesse atauqe irracional a Majú. Preocupa-me o surgimento de novas gestapos.
A jornalista “Maju” tem dado um show de competência naquilo que faz e mudou parâmetros de como ser uma garota do tempo e isso incomoda. Ou, como disse João Gilberto: “fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal”.
O Brasil vive uma crise financeira e ética sem precedentes e nós não podemos acrescentar um apartheid a essa ebulição. Já basta a discriminação contra os nordestinos que nunca cessa.
Voltar no tempo e e virar notícia mundial por racismo é tudo que não precisamos. Separar brancos de negros, ricos de pobres, sulistas de nordestinos swria o nosso fim como projeto de nação. O que virá depois? Um falso profeta?
Hoje logo cedo li no site do MSN que William Bonner afirmou durante o “Jornal Nacional” de ontem. sexta-feira (3) que a Globo vai “tomar medidas cabíveis” contra internautas que fizeram comentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, na página oficial do telejornal no Facebook. A repórter foi alvo de comentários discriminatórios e ganhou o apoio da equipe do “JN” e de muitos famosos nas rede sociais.
Após chamar a moça do tempo para falar sobre o clima, o editor-chefe, disse com veemência, que o caso não ficará impune. “Hoje, a página do Jornal Nacional no Facebook recebeu comentários de uns cinquenta criminosos sobre Maria Julia. Que os criminosos sejam punidos. A Globo está tomando as medias cabíveis”, disse o jornalista.
Durante o telejornal, a repórter, que tem ganhado destaque e já recebeu elogios de Bonner e Renata Vasconcellos, também falou sobre os comentários racistas. “Muita gente pensou que eu estava nos corredores chorando pelos cantos, mas já lido com esta questão há muito tempo. Cresci em uma família militante e não perco o ânimo”, disse Maju. “Agora, eu quero me manifestar sobre ter recebido as milhares de mensagens, de emails. A militância que eu faço é com o meu trabalho, sendo competente”, disse, concluindo em seguida: “Os preconceituosos ladram, mas a Majuzinha passa”. Bonner e Renata concluíram o assunto relembrando a frase “Todos somos Maju” que virou um dos assuntos em destaque no Twitter.
Gloria Maria manifesta apoio: ‘Não desista’
Apelidada carinhosamente de Maju por William Bonner, a jornalista, na Globo desde 2007, que se sente à vontade na parceria com Bonner e Renata, ganhou o apoio de vários famosos, como Gloria
Maria. Primeira repórter negra da TV brasileira, Gloria já sentiu na pele os efeitos da discriminação racial. “O que eu digo para Maju é que ela vá em frente e não desista nunca, porque é isso que os racistas querem, que a gente fraqueje e desista. Mas que ela fique mais forte com essa experiência e siga adiante”, disse a apresentadora do ‘Globo Repórter’ em entrevista ao colunista Bruno Astuto da revista “Época”.
Gloria contou ainda foi vítima de racismo nos 10 anos em que apresentou o “Fantástico”, de 1998 a 2007. “Essa é a prova do que eu sempre disse, que o racismo nunca vai acabar. O que ela está passando hoje, eu vivi no Fantástico. Recebia os comentários por cartas e, depois, por e-mails. Não era uma declaração pública e vinha diretamente a mim, atingia a minha alma e meu coração. Hoje atinge o Brasil. A diferença é essa. Eu tinha que aguentar o tranco sozinha. Isso que ela está vivendo é a normalidade do brasileiro. Mas nunca fraquejei, nunca desisti”.
Com Equipe MSN/Juliana Sousa