Hoje poderia ser apenas um desses dias bucólicos de outono, onde o equinócio ainda não conseguiu aplacar a onda de calor emanada de um verão atípico, mas é aniversário do golpe militar em plena crise política e há suspeitas de que os quartéis conspiram.
Foi num 31 de março de 1964 que o Brasil mergulhou na noite escura e só viu o sol da democracia raiar 20 anos depois.
Há quem diga que a conjuntura internacional não favorece a ruptura do estado democrático de direito por tanques e generais fardados, pois na contramão o mundo hoje varre as ditaduras e poucas as que ainda sobrevivem.
Em 1964, vejam só que contradição, os militares assumiram o poder com o argumento de que estavam “salvando a democracia” e em seguida baixaram o Ato Institucional Número 5, fecharam o Congresso, cassaram mandatos e governaram com mão de ferro, prendendo, expulsando do País e torturando quem ousava discordar do estabelecido.
Hoje, percebam a linha ténue, a classe política sofre grande desgaste, faixas nas ruas pedem a volta dos militares e um representante deles, Jair Bolsonaro, que ser candidato a presidente.
Dos generais da época da ditadura, nenhum deles está na ativa e a maioria até morreu, o que não quer dizer que a mosca azul não esteja sobrevoando a caserna.
Essas faixas que aparecem nas manifestações pelo impeachment são feito jabutis que só sobem na árvore se alguém botar lá. Desconfio que saem dos S2 dos quartéis e já tenho informações que aqui na Paraíba dois integrantes da linha de frente das manifestações contra Dilma estariam recebendo orientação da segunda seção e os organizadores e entregaram quando ao invés de registar pedido de segurança para a manifestação num quartel de polícia, foram protocolar o pedido de segurança no Grupamento de Engenharia e Construção, um quartel do Exército.
Se o preço da democracia é a eterna vigilância, fiquemos atentos a movimentação das forças federais de segurança nacional, pois quando a classe política cai em descrédito e a população perde a esperança nas instituições o terreno fica fértil para os golpistas, sempre com aquele discurso de que o comunismo ameaça a democracia e a corrupção precisa de um remédio patriótico.
Depois vem a ditadura, a perseguição, mais corrupção e a noite escura que poderá durar mais duas décadas e eu não gostaria que os meus filhos passassem o que eu passei. Ditadura nunca mais.