A negociação da delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o Ministério Público Federal – antecipada pela coluna Radar On-Line no dia 3 de julho – deve atingir o coração do governo federal.
Além do próprio presidente Michel Temer (PMDB), dois de seus principais ministros – Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), ambos do PMDB – devem ser implicados nos mais de cem anexos da sua colaboração, segundo informação publicada nesta quinta-feira pela jornalista Mônica Bergamo, no site do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, Padilha e Moreira integravam o grupo que comandava a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, da qual Cunha foi integrante, e teria formado uma organização criminosa que depois chegou ao Palácio do Planalto com a ascensão de Temer ao poder.
A previsão é a de que Cunha conclua a sua parte na negociação entregando documentos e revelando crimes seus e de terceiros até o final da próxima semana. O ex-deputado estaria utilizando uma sala no Complexo Médico-Penal de Pinhais, onde está preso em Curitiba (PR), para passar aos seus advogados as informações que pretende entregar ao Ministério Público.
Se confirmada, a delação de Cunha viria em um momento delicado para o governo Temer. Enfrentando uma denúncia por corrupção passiva, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente busca convencer os parlamentares – responsáveis por analisar o futuro da acusação – de que o governo está firme e de que as acusações contra ele são infundadas. Se o ex-presidente da Câmara comprometer de forma significativa Temer, por certo isso influenciaria a decisão dos deputados, quando optarem por votar contra ou a favor da aceitação da denúncia.
Fonte: Veja