Na última quinta-feira, a polícia fechou um “call center” clandestino, de golpe de falso empréstimo, no Centro do Rio de Janeiro. No local, policiais civis da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) prenderam 45 pessoas. Entre os materiais apreendidos, foram encontrados troféus e medalhas como premiação de metas de golpes aplicados — gerando lucro ao grupo. O local funcionava em três andares de um prédio e, na entrada, tinha um letreiro afirmando ser um escritório de serviços jurídicos, contábeis e de planos de saúde, para mascarar a atividade ilícita.
Segundo o delegado Mario Luiz da Silva, esta ação decorre de outro inquérito em que investigaram uma quadrilha que atuava na Baixada Fluminense. A mesma teria se expandido para o Centro da cidade.
— Nós fomos lá para cumprir um mandado de busca e apreensão e encontramos o grupo de 45 pessoas, em sua maioria mulheres, em situação flagrancial — diz o delegado.
Segundo a Polícia Civil, o “call center” estava funcionando com os “operadores” oferecendo as transações fraudulentas às vítimas, sem qualquer documento que autorizasse a atividade.
Além dos troféus e medalhas, também foram apreendidos equipamentos eletrônicos, tabelas de produtividade, máquinas de contagem de dinheiro e documentos que mostram transações bancárias com possíveis vítimas de outros estados.
— Encontramos comprovantes de pagamento de boletos e de transferências de supostas vítimas também no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e alguns outros estados — afirma da Silva.
Os detidos foram autuados pelo crime de associação criminosa, nenhum deles quis prestar depoimento na Deapti. Eles são acusados de aplicarem “golpes padrão desse tipo de quadrilha”.
— No local, nós achamos equipamentos conectados a aplicativos geralmente utilizados por essas quadrilhas de falso empréstimo. São aplicativos que dão a eles acesso aos dados financeiros, o endereço e o contato das vítimas. Com isso, eles entram em contato propondo o falso empréstimo, com promessas de otimização desse compromisso, redução das parcelas e quitação com outros empréstimos anteriores. Assim, eles atraem a vítima, fingindo que vão se responsabilizar por quitar as dívidas anteriores e ainda oferecendo um dinheiro a mais — explica da Silva.
Ainda segundo o delegado, após convencer a vítima, a quadrilha não assumia o compromisso financeiro.
— Depois de contratar o novo empréstimo, eles são orientados a depositar o valor em contas indicadas pelos próprios criminosos. A partir daí, nunca mais eles vão ter contato com ninguém e ficam com os prejuízos.
Uma das equipes do falso “call center” se classificava como “lions” (leões na tradução para o português). No quadro, havia subdivisões nomeadas de “Afeganistão” e “Paquistão” com uma listagem e nomes. Ainda não foi esclarecido ao que se refere o quadro.
Do Extra.