A Polícia Federal e o Gaeco acreditam ter provas de um encontro entre o vereador investigado, o prefeito eleito de Cabedelo, André Coutinho (Avante), e Flávia Monteiro, uma das principais alvos da Operação ‘En Passant’. O encontro teria ocorrido no dia 21 de outubro, no apartamento do vereador Márcio Silva, aliado do prefeito Vitor Hugo (Avante).
Além disso, a PF também encontrou comprovantes de votação, transferências via Pix e listas com nomes de pessoas ligadas à administração municipal que mencionam conexões com facções criminosas. A operação já havia cumprido buscas na residência de Flávia três dias antes do referido encontro, no dia 18 de outubro.
Eleito com 1.507 votos, Márcio Silva, do União Brasil, também foi alvo de buscas na segunda fase da operação, junto com André Coutinho e Vitor Hugo. Fontes da investigação confirmaram que o nome de Márcio passou a ser monitorado pela PF e pelo Gaeco devido ao envolvimento no episódio relacionado ao encontro com os outros investigados.
“Analisando as cenas acima percebe-se que Flávia, alvo da Operação En Passant encontrou-se André Coutinho, atual presidente da Câmara Municipal de Cabedelo apoiado por Vitor Hugo, Márcio Silva, vereador da base do prefeito. A reunião teve também como finalidade acalmar os ânimos de Flávia, já que em 21 de outubro, por voltas das 17 horas, a nacional foi ao Hospital Municipal de Cabedelo e gritou ameaças de denuncias caso o contrato de sua nora fosse rescindido”, destacou a representação encaminhada pela Polícia Federal à Justiça.
No documento, a PF solicitou a prisão de Vitor Hugo e seu afastamento do cargo, mas o pedido foi negado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) e pela relatora do caso, a desembargadora Maria Cristina Santiago, do TRE. Ela considerou que não havia provas suficientes para as medidas e decidiu autorizar apenas a realização de buscas, além de impor medidas cautelares, como a proibição de deixar a comarca sem aviso prévio, o recolhimento domiciliar e a proibição de manter contato com outros investigados.
Apenas Flávia Monteiro foi presa e permanece detida em prisão preventiva. Ela é apontada como o elo entre os agentes públicos e o grupo comandado pelo traficante ‘Fatoka’.
De acordo com a investigação, ‘Fatoka’ teria atuado para indicar pessoas tanto para os gabinetes de vereadores quanto para a prefeitura de Cabedelo. A Polícia Federal intensificou as suspeitas após encontrarem, durante as buscas na prefeitura, listas contendo nomes acompanhados da expressão “Marcela FTKA”, uma possível referência à irmã do traficante.
A Polícia Federal e o Gaeco cumpriram mandados de busca e um mandado de prisão contra Flávia Monteiro. Entre os alvos das buscas estavam o atual prefeito de Cabedelo, Victor Hugo (Avante), o prefeito eleito André Coutinho (Avante) e o vereador Márcio Silva (União Brasil).
Em nota, os três negaram qualquer envolvimento com as práticas investigadas e afirmaram estar à disposição da Justiça para colaborar com as apurações. Aliados do prefeito Victor Hugo sustentam que a gestão não tem vínculos com a facção investigada, esclarecendo que as nomeações foram feitas para atender a pedidos de vereadores, os quais, segundo eles, têm ligações com ‘Fatoka’.