A Polícia Federal indiciou Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa, por suspeita de integrar uma organização criminosa com o objetivo de influenciar as eleições. Também foram indiciadas a ex-secretária executiva de saúde, Janine Lucena, filha do prefeito Cícero Lucena, a vereadora Raíssa Lacerda, e outras onze pessoas. O relatório foi elaborado pelo delegado Davi Silva Sampaio e assinado em 10 de outubro.
A defesa de Lauremília, Janine e Tereza Cristina emitiu uma nota afirmando que “as acusações não correspondem à realidade dos fatos e que as indiciadas não possuem qualquer envolvimento com as práticas criminosas que lhes são atribuídas”. Sobre Tereza Cristina, a defesa destacou que ela “nunca ocupou posição ou exerceu qualquer função que lhe conferisse poder de decisão ou nomeação de cargos”.
Pelo menos oito pessoas, entre elas Lauremília, Tereza Cristina e Raíssa, foram alvos da Operação “Território Livre”, que combate o aliciamento violento de eleitores. Além disso, Janine Lucena e outras três pessoas estão sendo investigadas na Operação Mandare, que apura as ligações entre grupos criminosos e órgãos públicos de João Pessoa, com foco na obtenção de vantagens, como a concessão de cargos nas secretarias municipais.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, os indiciamentos são por:
- Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa;
- Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita;
- Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos;
- Peculato (Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio);
- Constrangimento ilegal (Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda);
- Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
Agora, o Ministério Público Eleitoral (MPE) vai analisar o relatório para aceitar ou não o indiciamento.
Quem são os indiciados pela Polícia Federal?
- Maria Lauremília Assis de Lucena, esposa de Cícero Lucena e primeira-dama de João Pessoa;
- Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, secretária de Lauremília;
- Raíssa Lacerda, vereadora de João Pessoa e suspeita de liderar o esquema;
- Kaline Neres do Nascimento Rodrigues, articuladora de Raíssa Lacerda no Alto do Mateus; suspeita de ter ligação com facções do bairro;
- David Sena de Oliveira (conhecido como Cabeça), suspeito de chefiar uma facção criminosa no bairro São José, e está foragido;
- Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos, suspeita de pressionar moradores do bairro São José para determinar em quem eles devem votar;
- Keny Rogeus Gomes da Silva, marido de Pollyanna e apontado como chefe da facção Nova Okaida; já estava preso no PB1;
- Taciana Batista do Nascimento, usada por Pollyana para exercer influência na comunidade. É ligada ao centro comunitário Ateliê da Vida;
- Maria Janine Assis de Lucena Barros, ex-secretária executiva de saúde de João Pessoa e filha de Cícero Lucena;
- Jonathan Dário da Silva, servidor da prefeitura de João Pessoa e suspeito de mandar extorquir Lauremília Lucena;
- Jossienio Silva dos Santos, conhecido como Ênio Chinês, é apontado pela PF como chefe da facção criminosa Nova Okaida;
- Patrícia Silva dos Santos, esposa de Jossienio.
No dia 8 de outubro, o prefeito Cícero Lucena aceitou os pedidos de exoneração de sua filha, Janine Lucena, secretária executiva de saúde, além dos secretários Diego Tavares (Gestão Governamental) e João Bosco (Adjunto de Desenvolvimento). Na ocasião, a assessoria do prefeito comunicou que eles se dedicariam às atividades da campanha eleitoral do segundo turno.