A Operação Indignus, deflagrada nesta quinta-feira (05) pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público do Estado da Paraíba (Gaeco/MPPB), a Polícia Civil da Paraíba (PCPB), a Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (SEDS), a Secretaria de Estado da Fazenda da Paraíba (Sefaz) e a Controladoria-Geral do Estado da Paraíba (CGE), apontou que houve o enriquecimento ilícito dos investigados, que atuavam na direção do Hospital Padre Zé.
A ação do Gaeco apura a suspeita de desvios milionários de recursos da Associação Social Arquidiocesana, mantenedor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. Os crimes vêm sendo investigados desde o mês passado quando se tornou público o escândalo envolvendo a venda de telefones doados pela Receita Federal. O lucro com a venda, ao invés de serem revertidos para obra, foi parar em contas de terceiros.
À reportagem da Rede Mais, o coordenador do Gaeco, Octávio Paulo Neto, destacou o fato dos investigados usarem o clamor social para enriquecimento ilícito.
“O escopo da operação se volta a tentar aclarar os desvios no Hospital Padre Zé e na Associação Social Arquidiocesana. Uma coisa que espanta é a apropriação de pautas legítimas de alto relevo social por pessoas que buscam se monetizar, que se apropriam dessas bandeiras para explorar miseráveis para ter com isso vantagens financeiras das mais vultuosas”, disse Neto.
Para o promotor, essa é uma atitude que “choca”. “É bem triste e preocupante”, acrescentou o coordenador.
Paulo Neto ainda afirmou que houve por parte da nova direção do Hospital Padre Zé, liderada pelo Padre George Batista, e do arcebispo Dom Manoel Delson uma cooperação para que o inquérito pudesse ser aprofundado.
Imóveis milionários de Padre Egídio
A operação dessa quinta teve como principal alvo o Padre Egídio Carvalho, ex-diretor do Padre Zé, e também duas ex-diretoras da instituição. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em diversos endereços ligados ao Padre, em sua maioria imóveis luxuosos, com coberturas em prédios de alto padrão nas orlas do Cabo Branco e Bessa.
Um dos imóveis visitados pelas equipes foi um apartamento no Luxor Paulo Miranda, à beira-mar do Cabo Branco. Uma unidade habitacional no conjunto é avaliada em cerca de R$ 2 milhões.
Houve busca também na Granja Santo Antônio, no Conde. No local, foram encontrados diversos bens valiosos, a exemplo de um fogão de cerca de R$ 80 mil. A propriedade, rodeada de imagens sacras, também é espaço para móveis rústicos e caros.
A investigação acredita que todo esse patrimônio, apesar de não estar no nome do Padre Egídio, pertence ao religioso. Em nota divulgada, o Gaeco disse que há uma confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com o religioso.
“Foi constatada uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos”, diz o texto.
Entre os crimes apurados pela Operação Indignus estão os delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.
A defesa do Padre diz que Egídio está em Recife e à disposição do Ministério Público para esclarecer as denúncias.
Redação com MaisPB