O jornalista Shin Suzuki, do site de notícias ‘BBC Brasil’ evidenciou na manhã deste sábado (11) a crise da empresa paraibana BraisCompany. Ele detalha que Campina Grande está vendo, nas últimas semanas, o escândalo envolvendo a administração de criptomoedas e a decadência da empresa, cada vez mais envolvida em escândalos.
“Campina Grande, no interior da Paraíba, passou as últimas semanas sob perplexidade e tensão. A cidade conhecida pelo “maior São João do mundo” virou o epicentro da mais recente suspeita de golpe com criptomoedas no Brasil”, afirmou.
O jornalista ainda evidencia que o resultado dos investimentos na empresa seriam “irreais”, caindo na faixa dos 8% ao mês.
“Milhares de campinenses, motivados pelo boca a boca entre parentes, amigos e conhecidos, investiram suas economias pessoais sob a promessa de um ganho financeiro ao redor de 8% ao mês. É uma taxa considerada irreal pelos padrões usuais do mercado. O negócio foi oferecido por uma empresa local, a Braiscompany, e tinha um modelo pouco convencional. Os participantes convertiam seu dinheiro em ativos virtuais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela “locação” dessas criptomoedas”, ressaltou.
Também são evidenciadas declarações do proprietário da empresa feitas em lives nas redes sociais. EM uma dessas lives, ele cita a administração de R$ 600 milhões de ativos investidos por cerca de 10 mil pessoas.
A facilidade e os ganhos altos não só atraíram os paraibanos, mas pessoas de outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
“Os rumores sobre o alto retorno financeiro pago pela Braiscompany, fundada em 2018, se espalharam além das divisas de Campina Grande. Atraiu pessoas da capital João Pessoa (distante a apenas 125 km) e de outros locais (…)”, detalha trecho do artigo publicado neste sábado. Mas é a cidade paraibana de 400 mil habitantes que representa o principal da clientela da “Brais”.
Confira um trecho do artigo abaixo:
“Rapaz, você não está entendendo… é o PIB [Produto Interno Bruto] de Campina Grande que está nisso aí. Comerciantes, servidores públicos, aposentados…”, diz uma pessoa que investiu R$ 50 mil na Braiscompany e não quer se identificar.
“Eu conheço gente que vendeu apartamento e colocou a grana lá. Comerciante que colocou as finanças da empresa.”
Outro investidor, que saiu de Campina Grande há 8 anos para viver em Portugal, afirma ter transferido R$ 230 mil para o negócio.
Segundo ele, esse valor representa todas as suas economias acumuladas nesse tempo trabalhando como agente de viagens na Europa: “Tudo o que eu construí na minha vida”.
Ele acha que não verá mais esse dinheiro.
“Estou levando isso como um luto. A perda de um parente. Sabe quando morre uma mãe, um pai, um irmão? Mas eu tenho que seguir minha vida, tenho que continuar. Fui iludido e fui enganado. E muito bem enganado.”
Também é mais um a usar a expressão “PIB de Campina Grande” para ilustrar o envolvimento da população local de maior poder aquisitivo com a Braiscompany. Ele observa, no entanto, que o esquema com criptomoedas conseguiu atrair até pessoas da região com menos recursos.
“Os arredores de Campina Grande têm muita zona de interior, de sítio, de seca, de gente que enfrenta escassez de coisa básica. Gente que vive de plantação, de gado, em lugares como Queimadas, e colocou R$ 3.000, R$ 5.000 nesse negócio. São várias famílias nessa.”
Redação com BBC.