Em artigo, Rui Leitão afirma que, já em seu discurso de comemoração da vitória, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a postura esperada de um estadista, acenando com o lenço branco da pacificação. Segundo ele, o chefe da nação passou a mensagem de um governo para todos os brasileiros.
Leia a íntegra abaixo:
O LENÇO BRANCO DA PACIFICAÇÃO
No discurso de comemoração da vitória, Lula, já na condição de presidente eleito, acenou com o lenço branco numa proposta de pacificação, postura que se espera de um estadista. Boa parte dos que votaram no candidato derrotado compreendeu a mensagem e aceitou o resultado das urnas, concordando que, a partir de agora, teremos um chefe da nação que governará para todos os brasileiros, sem distinção partidária ou ideológica.
Entretanto, um grupo de fanáticos permanece numa atitude antidemocrática, brigando com a realidade, e promovendo arruaças, repetindo os movimentos de ataques às instituições e ao Estado Democrático de Direito, por não concordar com o que foi definido nas urnas. A extrema direita não sabe conviver com a harmonia, muito menos com o respeito à civilidade e a obediência à legalidade, preferindo continuar alimentando um ambiente de balburdia, violência e extremismo.
É uma pena. Ainda bem que estão em minoria, vivendo o que podemos chamar de “depressão da derrota”. É hora de reconstruir o Brasil, com os espíritos desarmados e todos unidos lutando por uma só causa: a preservação da democracia e a busca da consolidação de uma sociedade mais justa e igualitária. O plano golpista foi rechaçado pela população brasileira. Precisam entender isso e voltarmos ao tempo em que vivíamos todos num clima de cordialidade, respeitando as divergências, sem encarar adversários políticos como inimigos.
O terceiro turno que insistem em deflagrar já nasceu enfraquecido. O máximo que vão conseguir é tentar tumultuar a transição de governo. Mas já perceberam que estão isolados nesse propósito, tanto a nível nacional, quanto em relação à comunidade internacional. Resta o “jus sperniandi”, o direito de espernear, o inconformismo de quem não sabe perder.
O cenário político pós-eleitoral exige dos que formam as forças políticas democráticas um comportamento de equilíbrio emocional, não aceitando as provocações, porém permanentemente mobilizados para resistir a toda e qualquer movimentação golpista. Mas exercitando o diálogo, sempre que possível, evitando o que querem que aconteça: conflitos entre concidadãos. Esforcemo-nos, por mais que não queiram, para estabelecermos um novo tempo na nossa história. Um tempo de paz e congraçamento entre compatriotas, como forma responsável de retomarmos o caminho da prosperidade e da democracia plena. O lenço branco continua estendido a todos, sob a liderança do presidente eleito.
Rui Leitão