Durante o encontro entre Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o mandatário brasileiro fez um pedido inusitado: que Biden o ajudasse a ser reeleito nas eleições presidenciais brasileiras deste ano.
Jamil Chade, colunista do UOL, relatou como os principais órgãos brasileiros receberam o pedido, considerado, dentre outros adjetivos, como uma afronta ao governo.
Veja:
Constrangimento e vergonha. Foi dessa forma que o Itamaraty e alguns dos principais diplomatas brasileiros receberam os relatos de que o presidente Jair Bolsonaro teria solicitado ajuda de Joe Biden nas eleições em outubro. Mas a manobra também foi interpretada como uma jogada do brasileiro na busca por uma aliança que o salve de uma derrota.
O gesto foi visto como uma “afronta” à soberania nacional e viola até mesmo os princípios de independência. O constrangimento foi ainda maior depois que a reação do governo americano foi, ao ouvir o pedido, de simplesmente mudar de assunto.
Uma das interpretações na chancelaria é de que Bolsonaro tentou se apresentar ao presidente americano, tal como era perante o ex-presidente Donald Trump, como a melhor escolha para os interesses norte-americanos na região.
Isso inclui privatizações, assinatura de acordos de defesa como a parceria na Otan e compra de equipamentos militares, além de uma promessa de alinhamento. Isso, claro, desde que os americanos o apoiem.
Dentro do governo americano, há um reconhecimento de que Bolsonaro já provou ao governo Trump de que pode ser um aliado fiel em diferentes temas e organizações internacionais. Mas, para isso, precisa da chancela de Biden.
Diante de um comportamento como o de Bolsonaro, os americanos ficam diante de um dilema: defender a democracia brasileira ou seus próprios interesses.
Isso, porém, não retira o constrangimento da declaração pouco comum. Internamente, o Itamaraty já vinha criando um sistema pelo qual evitava marcar reuniões bilaterais entre Bolsonaro e líderes estrangeiros, às margens de eventos e cúpulas. A meta era a de implementar uma estratégia de “controle de danos”, mantendo alguma credibilidade da política externa, construída ao longo de décadas.