A Câmara dos Representantes dos EUA debateu, pela primeira vez em 50 anos, registros de objetos voadores não identificados –os OVNIs– no espaço aéreo dos EUA. A audiência pública aconteceu nessa terça-feira (17).
Os convidados foram Ronald Moultrie, subsecretário de Defesa para Inteligência e Segurança, e Scott Bray, vice-diretor de inteligência naval. Os dois funcionários do Pentágono afirmaram que o Departamento de Defesa norte-americano está “comprometido” em determinar as origens de OVNIs no território dos EUA e que os objetos ainda desconhecidos representam “riscos potenciais” ao país.
A audiência focou 144 casos registrados de 2004 a 2021, compilados em um relatório. O documento foi entregue à Câmara em junho de 2021. Clique aqui para conferir na íntegra (em inglês).
Segundo Bray, há desde o início dos anos 2000 um “número crescente de aeronaves ou objetos não autorizados e/ou não identificados” observados em áreas de treinamento militar e em outros locais dos Estados Unidos. Os registros são reportados a partir de pilotos, câmeras e sensores instalados nos equipamentos militares. Também podem ser coletados de outros setores do governo norte-americano.
“Relatos são frequentes e contínuos”, afirmou. Durante a audiência, Bray mostrou aos congressistas 2 vídeos –assista abaixo– antes classificados como sigilosos. Em um deles, é possível ver um objeto verde em forma de triângulo piscando no céu noturno. O registro foi filmado por lentes de visão noturna de um navio da Marinha norte-americana.
O caso “permaneceu sem respostas por vários anos”, disse. Depois de algum tempo, a inteligência dos EUA enfim identificou o objeto como um drone. A conclusão veio após análise de gravações semelhantes captadas por outros equipamentos.
“Nesse exemplo, acumulamos dados de 2 registros semelhantes, em 2 períodos diferentes e em duas áreas geográficas para nos ajudar a tirar essas conclusões, mas nem sempre é assim. Reconhecemos que [isso] pode ser insatisfatório ou insuficiente aos olhos de muitos”, disse.
O segundo vídeo foi registrado por um piloto que estava dentro de um caça FA-18. Mostra um objeto esférico passando rapidamente a uma certa distância da aeronave. “Não tenho uma explicação sobre esse objeto específico”, disse Bray aos congressistas.
Assista aos vídeos de OVNIs mostrados na audiência:
SEGURANÇA
A maior preocupação das autoridades dos EUA não está relacionada à existência de vida extraterrestre, mas sim que outros países, como a Rússia e a China, possam estar usando alguma tecnologia avançada no espaço aéreo norte-americano.
O congressista André Carson, democrata do Estado de Indiana, presidiu a audiência e disse ser importante para o Pentágono levar a sério a questão dos fenômenos aéreos inexplicáveis.
Em resposta, Moultrie afirmou que a equipe está comprometida em ser transparente com a população norte-americana. Disse também que os fenômenos aéreos não identificados representam “riscos potenciais” ao país.
“Nosso objetivo”, continuou, “é atingir esse equilíbrio delicado, que nos permita manter a confiança do público, preservando as capacidades vitais para o apoio de nosso pessoal”.
Segundo Moultrie, os analistas da inteligência norte-americana também estão abertos a todas as hipóteses que possam explicar os objetos.
Durante a sessão, Moultrie e Bray não entraram em detalhes sobre os sistemas de captação dos objetos ou sobre o procedimento das análises.
“Não queremos que potenciais adversários saibam exatamente o que somos capazes de ver, entender ou como chegamos a uma conclusão”, disse Bray.
Mais informações sobre o processo devem ser fornecidas durante a sessão privada entre os funcionários da inteligência dos EUA e os congressistas, marcada também para a terça.
As autoridades relataram, porém, que todos os registros inexplicáveis são armazenados em um sistema de dados. “Nosso objetivo é ter essas informações de alta fidelidade que obtemos de todas as fontes. Queremos ser capazes de integrar isso”, disse o subsecretário de Defesa.
Carson falou sobre o estigma associado aos objetos inexplicáveis durante a sessão. Disse que “pilotos evitavam reportar, e eram caçoados quando o faziam”. “Por muito tempo, o estigma associado a fenômenos aéreos não identificados impediu boas análises de inteligência”, afirmou.
Poder360