Com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando um resultado nada animador do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro semestre, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que a economia brasileira está em recessão técnica, com dois trimestres de queda consecutiva, causando como efeito uma “desaceleração forte” no próximo ano.
“A Faria Lima, os banqueiros estão prevendo crescimento menor. É natural, é do ângulo de visão de financistas. É claro que vai haver desaceleração forte, porque os juros estão subindo. A inflação subiu. De novo, estamos fazendo a coisa certa. O importante não é a previsão, é fazer a coisa certa”, declarou o ministro, durante participação no encontro Anual da Indústria Química.
“De um lado, temos um fator de desaceleração, que é a atuação do Banco Central combatendo a inflação, mas, de outro lado, temos um fator de sustentação do crescimento, que é a taxa de investimento”, afirmou, citando a “despolitização” da moeda com a aprovação do governo da autonomia do Banco Central (BC).
Guedes afirmou que a taxa de investimentos em relação ao PIB atingiu 19,4% no terceiro trimestre e deve chegar aos 20% em 2022. Ele culpou a estiagem pelos resultados negativos da agricultura, que teve uma queda de 8% em relação ao trimestre anterior e de 9% com relação ao mesmo período do ano passado — o que resultou em um impacto de 0,5 ponto percentual no recuo do PIB.
Paulo Guedes já não tem credibilidade como ministro há muito tempo. Para Jason Vieira, economista-chefe da empresa Infinity Asset, a maior preocupação do mercado financeiro é o descontrole fiscal. Para ele, o mercado não vê com maus olhos o Auxílio Brasil, mas teme, especialmente em ano eleitoral, a “abertura para um espaço de gastos perigoso para o perfil do País”.