A imprensa internacional repercutiu, negativamente, o desfile militar promovido por Jair Bolsonaro nesta terça-feira (10). Os comentários foram repletos de ironias e evidenciando o desespero do governo de se manter no poder.
O The Guardian, jornal britânico, citou como críticos qualificaram o ato de “desfile de República de Bananas”, citando ainda que aliados do presidente usaram imagens de desfiles na China como se fossem do evento, adicionando um “sentido de absurdo” a situação.
Além disso, o jornal, assim como outras publicações pelo mundo, destacaram o fato do desfile durar “apenas dez minutos” com a presença de tanques que soltavam fumaça. Críticos ainda classificaram o ato como “fiasco” pela baixa presença de apoiadores no local.
Já o jornal francês Le Monde destacou que o desfile era “inédito” nos 30 anos da democracia brasileira. Mas explicou como Bolsonaro vive uma queda de popularidade, diante da morte de 564 mil pessoas no Brasil por conta da pandemia da covid-19. “As pesquisas preveem uma grande derrota contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, indicou o jornal, sobre um possível confronto em 2022.
O jornal de referência na França ainda cita como, no Brasil, há um temor de um “cenário a la Trump”, numa situação de um presidente que se recusa a deixar o poder. “Bolsonaro, que sabe que as instituições de Brasília são mais frágeis que as de Washington, não faz nada para dar garantias: «Se não tivermos voto impresso em 2022, teremos um problema pior que nos EUA”, disse, em janeiro.
Em Portugal, na Bélgica, Canadá ou EUA, a imprensa também fez uma relação entre o desfile e a situação pouco confortável de Bolsonaro nas eleições de 2022. Na Espanha, a agência pública EFE chamou o ato de “inusual”.
Usando agências de notícia, o jornal argentino La Nación destacou como “partidários do governo se concentraram diante da presidência, alguns levando cartazes pedindo uma intervenção militar para salvar o Brasil”. Já a Reuters apontou como “políticos de todo tipo qualificaram o desfile como um ato de “intimidação”.
Entre os governos estrangeiros, a reação foi a de não menosprezar a importância do gesto do presidente. O temor de parte da comunidade internacional é de que isso seja simbólico do comportamento de Bolsonaro e uma tensão que poderia levar a uma instabilidade política inédita.
Para diplomatas estrangeiros ouvidos pela coluna, o ato deixa o presidente – e de certa forma o Brasil – ainda mais isolado. “Hoje, sair em uma foto com Bolsonaro é comprometedor para muitos líderes pelo mundo”, admitiu um negociador europeu.
Com informações de Jamil Chade para o UOL.