Em conversa com a imprensa na saída do hospital neste domingo (18) o presidente Jair Bolsonaro voltou a negar irregularidades na compra de vacinas por parte do Ministério da Saúde, conforme denúncias recentes, e a defender o ex-chefe da pasta, o general Eduardo Pazuello.
A denúncia comentada por Bolsonaro diz respeito ao fato de Pazuello ter recebido representantes de uma empresa que pretendia intermediar a venda ao governo de 30 milhões de doses da Coronavac. A vacina do laboratório chinês Sinovac já está em uso no país graças à parceria com o Instituto Butantan.
Segundo Bolsonaro, o fato de o ex-ministro ter gravado um vídeo com os representantes já seria um indicativo de regularidade da situação, e minimizou a situação dizendo que Brasília é o “paraíso dos lobistas”.
“Se eu estivesse na Saúde, eu teria apertado a mão daqueles caras todos. O receber (os representantes)… ele não estava sentado à mesa. Geralmente, teria uma fotografia dele sentado à mesa e negociando. E se fosse propina, não daria entrevista, meu Deus do céu, não faria aquele vídeo. Geralmente quando se fala em propina, é pelado e dentro da piscina”, disse o presidente.
A compra não foi concretizada. De acordo com o presidente, o coronel Élcio Franco, que era secretário-executivo do ministério na época, agiu bem na intermediação. “Não tem um centavo nosso despendido com essas pessoas”, completou. “Vocês acham que no bolo, naquelas reuniões do Planalto, chega um cara (e diz): ‘Po, eu tenho uma vacina’ e apresenta para o ministro… Eles nem dão bola pro cara. Brasília é o paraíso dos lobistas, dos espertalhões”.
“Vocês sabiam que o orçamento diário da saúde é de R$ 500 milhões? Pode estar fazendo besteira? Pode. A gente fica grato se alguém apresentar algo que a gente possa corrigir. Agora, nos acusar, (acusar) a mim, de corrupção por algo que não compramos, não pagamos, isso é má fé”, disse.
Sobre as denúncias de atraso na compra de vacina, ele voltou a repetir que “não havia vacina” em fevereiro e em março e defendeu a distribuição atual dos imunizantes à população por parte do governo federal. “A primeira vacina foi (aprovada) em dezembro, no Reino Unido. O Brasil começou a aplicar (vacinas) no mês seguinte. Estamos lá na frente no tocante à vacina. E o que depender de mim, a vacinação é não obrigatória e ponto final”.
Agendas
Bolsonaro disse que retorna ao trabalho na Presidência nesta segunda-feira (19) e se encontrará com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar da covid-19.
“Não deixei de trabalhar aqui, conversei com vários ministros, paguei missão para vários ministros. Vou pegar o Queiroga amanhã, vou conversar com ele a questão da covid. Tive acesso a estudo do CDC, Centro de Estudos de Doença dos Estados Unidos, e o que mais mata de covid, em primeiro lugar, é quem está com obesidade, em segundo lugar, quem está tomado pelo pavor ou pelo pânico. Lembra que eu falava lá atrás que tem que enfrentar, não tem jeito, quem está com pânico ou com pavor, a chance [da covid-19] de evoluir para uma piora gravíssima é muito grande”, disse.
O presidente disse que também pretende tratar com Queiroga sobre o uso do medicamento proxalutamida contra a covid-19. Ele informou que vai pedir estudos no país sobre o medicamento.
Redação com Estadão/ Diário do Poder.