A dentista Andrea Barbosa, ex-mulher do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, virou notícia no último domingo (27) quando a coluna do jornalista Lauro Jardim publicou que ela havia procurado a CPI da Covid para depor. Em exclusividade à Forúm, Andrea negou que entrou em contato com a comissão, entretanto, revelou que foi contatada por uma assessora. “Não quero minha vida exposta, não vou depor. Primeiro porque estou fragilizada, segundo, porque criaram um factoide de mim, da mulher vingativa e traída”, disse.
Andrea e Pazuello têm uma filha de 13 anos. O relacionamento dos dois durou 16 anos, chegando ao fim em agosto do ano passado, após a mulher receber prints de uma suposta jornalista, com fotos, que expunham a traição do então ministro com a 1º tenente Laura Triba Appi, médica nomeada em maio de 2020 por Pazuello para o cargo de assessora da Secretaria-Executiva.
Na época, Andrea conta que ficou revoltada com a situação, publicando tudo em suas redes sociais. “Ele levou ela de Manaus, tenente do exército, e deu um cargo. Infectologista que acompanhava ele em todas as reuniões, e segundo os prints da jornalista que primeiro se colocou como fake, tinha uma relação com ele”, conta. “Confirmo que ela é namorada dele, e além de receber pelo Exército recebe pelo cargo no ministério. E vai a todas as reuniões reverberando cloroquina e ivermectina”, continua a dentista, se referindo aos medicamentos ineficazes contra a Covid-19 defendidos pelo governo federal.
“Tenho pena dessa moça, quer alavancar a carreira dela, com um velho gordo, misógino e abusivo, coitada”, critica a dentista. Na época, ela foi questionar Pazuello sobre a traição. Como resposta, ouviu do general que as pessoas iriam rir dela, sendo chamada de “comunista e louca” na sequência. Andrea diz que sempre foi uma pessoa de esquerda e nunca escondeu seu posicionamento político. “Sou eleitora do Rio de Janeiro há 23 anos e sempre fui à esquerda, sempre votei no Freixo, conheci Marielle, tenho a placa dela em casa”, comenta.
A dentista relata que Pazuello sempre fazia piada de suas escolhas políticas, chegando a brincar que a levaria para a Venezuela e fazendo “pouco caso”. A relação dos dois muda bastante em 2018, ano da eleição presidencial que teve Jair Bolsonaro como candidato eleito. “Ele me respeitava, até 2018. Daí comecei a ver o Eduardo muito arredio comigo, quando Bolsonaro se elegeu ele ficou extremamente reativo, não podia mais falar nada do Bolsonaro dentro de casa e a nossa relação já estava desgastada”, analisa.
“Ele sempre soube de todo o meu posicionamento porque eu nunca escondi meu posicionamento político. Eu tinha uma vida normal, reservada e de repente o cara se torna ministro. Desde sempre fui hostilizada naquele meio, por ser de esquerda, por todo mundo, mas nunca deixei meus posicionamentos serem invalidados e silenciados por ele”, declara Andrea.
Sobre a publicação onde diz que sofreu abusos no período em que estava com Pazuello, a dentista esclarece que eram abusos morais e de palavras. “Os abusos que me refiro são abusos verbais, psicológicos, morais”, expõe.
Andrea também fala das ameaças sofridas pela filha de 13 anos do ex-casal, depois de ganhar um número de celular do pai. A situação também foi divulgada em suas redes sociais. “É pesado demais, minha vida pessoal tem sido um pesadelo. As pessoas fazem trocadilho com o nome dele, mas a minha vida vem sendo um pesadelo há um ano e meio”, desabafa.
Para Andrea Barbosa, ela foi procurada pela CPI por causa dos prints de agosto do ano passado envolvendo Laura Appi. Numa das postagens ela dizia que “sabia demais”. A dentista conta que ouviu “coisas bárbaras” na crise do oxigênio em Manaus, cidade para onde se mudou em maio de 2020 por causa do ex-marido, que assumiu o ministério da Saúde em Brasília logo em seguida. Uma das frases ouvidas por ela escancara o descaso do então ministro com a crise sanitária. Pazuello teria dito: “Se fosse por mim comprava só saco preto”. “Minhas questões são pessoais, mas também são coletivas, vi o descaso com que ele tratou as pessoas”, afirma Andrea, que diz ser a favor da ciência.
Por fim, a dentista responde a declaração do senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, quando diz que “não estavam atrás de informações da vida particular de ninguém”. “Não vou depor numa CPI para um bando de homens misóginos, que vão querer me fritar porque sabem que sou de esquerda. Homem nenhum vai ter empatia, o foco é me desqualificar”, rebate Andrea Barbosa. Contudo, ela se colocou à disposição para depor em sigilo.
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