Em artigo, a senadora Nilda Gondim aborda o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, que apresenta o menor nível em 91 anos, relacionando o fato com a desestatização da Eletrobras. Conforme a parlamentar, o possível racionamento em curso é da inteligência e da lealdade ao povo brasileiro.
Leia o artigo completo:
Racionamento da inteligência e do patriotismo
Há 91 anos os reservatórios das hidrelétricas não enfrentavam redução tão drástica em seus estoques de água.
A estiagem prolongada coloca a perspectiva do racionamento no horizonte próximo do país.
O setor elétrico já estuda orientar a população a evitar consumo nos horários de picos.
Esse é o cenário que supostamente legitima a entrega da maior empresa de energia elétrica da América Latina para o setor privado.
Uma ação – também supostamente – para atrair investimentos que ampliem a infraestrutura elétrica do país.
São argumentos, porém, que não resistem a escrutínio mínimo das contas e dados que movimentam as engrenagens da Eletrobras.
Atestam, apenas, que o racionamento em curso – com a tentativa de privatização da nossa estatal de energia – é de inteligência.
E de lealdade ao povo brasileiro!
A Eletrobras responde por 30 por cento da oferta e distribuição de energia do país.
Gerou lucro de R$ 30 bilhões nos últimos três anos.
Atrai investimentos há mais de duas décadas sem precisar abrir mão do controle do setor energético, através de parcerias bem sucedidas na modalidade público-privado.
E é absolutamente estratégica para o desenvolvimento do país.
Sua privatização, articulada de forma açodada e sem transparência, não apenas compromete a soberania nacional – dá sinal verde, também, para um assalto ao bolso do consumidor brasileiro, que terá uma conta dez por cento mais cara no curtíssimo prazo.
O aumento está contido na série de compromissos embutidos no projeto de privatização, dividindo a matriz energética e inserindo modalidades mais caras (para nosso bolso e para o meio ambiente).
A tentativa de privatização também está sendo levada a termo antes da implantação do marco regulatório do setor energético, que viabiliza – entre outras coisas – mais liberdade ao consumidor brasileiro.
Qual a possibilidade do setor privado garantir essa liberdade, há tanto tempo adiada?
Todos os sinais dessa operação são temerários e entreguistas.
O que não deixa margens para dúvidas:
O que está em curso – de verdade – é um apagão patriótico. E de visão de futuro.
Nilda Gondim