O Palácio do Planalto está tentando evitar um vexame do presidente Jair Bolsonaro diante de uma possível negativa da Seleção Brasileira para participar da Copa América. O presidente já foi avisado de que todos os jogadores convocados pelo técnico Tite estão fechados no propósito de não disputarem o torneio, cujo início está marcado para 13 de junho.
Nunca uma Seleção se recusou a jogar em qualquer campeonato.
Porém, a percepção de que o vexame de Bolsonaro está mais próximo ganhou força depois das declarações do jogador Casemiro. Na sexta-feira (04/06), após a vitória do Brasil sobre o Equador por 2 a 0, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, ele declarou que a posição de seus colegas e da comissão técnica sobre a Copa América é unânime e de conhecimento público, dando a entender que todos são contrários à realização do torneio.
“Não podemos falar do assunto. Todo mundo já sabe do nosso posicionamento. Mais claro, impossível. O Tite deixou claro para todo mundo o que nós pensamos da Copa América. Existe respeito e hierarquias que respeitamos. Claro que queremos dar a nossa opinião, rolou muita coisa”, afirmou Casemiro, em entrevista à TV Globo, após a partida contra o Equador.
O Planalto acredita que, se a atual Seleção se negar a participar da Copa, será possível convocar um novo time a tempo e trocar Tite por um técnico mais favorável ao governo. Isso já estaria sendo negociado com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Bolsonaro se irrita e não aceitará a recusa dos jogadores
Por conta da iminência de um vexame, o presidente já avisou que o assunto virou “questão de honra” e fez chegar à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a determinação de fazer com que a Seleção dispute o torneio com força total.
A preocupação fica clara quando se observa a reação dos bolsonaristas nas redes sociais. “Fora Tite” ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. Também começaram a atrelar o técnico ao PT, colocando fotos do tempo em que treinou o Corinthians, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva — que é corintiano —, para construir a narrativa de que a possível decisão da Seleção seria política e para atingir Bolsonaro.
Fiel defensora do presidente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) nega que haja desgaste. “Quem está com Bolsonaro está com ele, independentemente de qualquer coisa. Bolsonaro não sofre (com a decisão dos jogadores), quem sofre é o Brasil”, assegurou.
Redação com Correio Braziliense.