Ontem, diante de um Congresso esvaziado, já no final da sessão do dia, a mais bolsonarista de todos os parlamentares que apoiam o governo, a deputada Bia Kicis, plantou a semente que fará nosso sistema eleitoral – um dos mais modernos e seguros do mundo – recuar de volta ao passado.
Ela conseguiu o sinal verde para instalar, já a partir de hoje, a comissão que vai debater a volta do voto impresso, prevista na Proposta de Emenda à Constituição 135/2019, cuja autora é a própria Bia Kicis.
De acordo com a PEC, as urnas eletrônicas continuarão a existir, mas será acompanhada de voto impresso a ser depositado em urna física, que serão auditadas.
A vota do voto de papel é um desejo antigo do presidente Jair Bolsonaro, que sempre lançou desconfiança sobre as urnas eletrônicas.
Ele, cuja aprovação popular caiu para a casa de 24 por cento – a menor desde que chegou ao poder – acredita que o voto impresso o manterá no cargo, de onde só sairá (segundo ele), se Deus quiser.
O Criador pode todas as coisas e move céus e terra, de fato.
Pode até ressuscitar supostos defuntos políticos, como os bolsonaristas julgavam ser o caso de Lula, abatido por decisão imparcial do ex-juiz Sérgio Moro.
Lula livre ressurgiu e hoje ganharia de Bolsonaro em todos os cenários, segundo pesquisa Data Folha.
Um renascimento que acendeu definitivamente o sinal amarelo no Palácio do Planalto.
Bolsonaro move suas peças – tentando impor o voto impresso – porque sabe que 2022 já começou.
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