O DataFolha realizou nova pesquisa entre 15 e 16 de março, a cerca dos novos desdobramentos do caso Lula na Lava Jato, após o ministro Edson Fachin anular todas as condenações do ex-presidente.
Segundo 57% dos entrevistados, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado justamente no caso do tríplex do Guarujá, quando o ex-juiz Sérgio Moro sentenciou o cumprimento de 9 anos e 6 meses de cadeia, pena revisada na segunda instância para 12 anos e 1 mês, e reduzida a 8 anos e 10 meses ao ser confirmada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Para 38% dos consultados a decisão foi injusta e 5% não souberam opinar. Em abril de 2018, o Datafolha havia feito a mesma questão, com resultados semelhantes: 54% viram justiça, 40%, injustiça, e 6% disseram não saber.
Em 8 de março, o ministro Fachin anulou todas as condenações do ex-presidente pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. Com a decisão, Lula recuperou os direitos políticos, voltando a ser elegível.
De acordo com 51% dos brasileiros ouvidos pelo DataFolha, Fachin errou em suspender as sentenças. Já 42% acreditam que o ministro agiu certo e 6% não souberam responder.
Quando assunto é a elegibilidade de Lula, 51% dos entrevistados não querem que o ex-presidente seja candidato em 2022. Já 47% apoiam a sua candidatura para a presidência da república.
No que diz respeito ao conhecimento do caso, 87% do público ouvido disse saber sobre ele. Desses, 37% dizem estar bem informados e 44%, mais ou menos, enquanto 13% não ficou sabendo do assunto. Entre pessoas mais ricas a proporção de quem diz conhecer o caso vai a 99%.
Ao analisar os estratos do questionário sobre Lula, antigas divisões socioeconômicas e regionais acerca da imagem do ex-presidente vêm à tona com clareza.
Defendem mais que o ex-presidente dispute o pleito de 2022 nordestinos (63%), os mais pobres (quem ganha até 2 salários mínimos, 57%) e menos instruídos (com até o fundamental, 60%).
Também são mais incisivos ao dizer que Fachin agiu bem os mais pobres (50%), com menos instrução (52%), desempregados (54%) e nordestinos (60%).
Já a questão da culpa de Lula no caso do tríplex, paradoxalmente, não motiva tanto esses grupos usualmente associados ao petista. Apenas quem é menos instruído destoa da avaliação de que a sentença foi justa: 47% dos integrantes desse grupo, ante 38% no geral.
No caminho contrário, são reforçados alguns estereótipos de grupos antipetistas. Acham mais que Fachin errou ao anular as condenações quem tem curso superior e é mais rico (58%) e empresários (70%). Regionalmente, o mais bolsonarista Sul lidera a avaliação com 61%, não muito distante do mais populoso Sudeste (57%).
Já os grupos de quem ganha mais de 10 salários mínimos e o de quem tem diploma universitário empatam em 62% contra a ideia de Lula concorrer. Moradores do Sul (60%) e empresários (72%) completam a lista de destaques contrários à candidatura do petista.
De forma previsível, a aprovação do governo Bolsonaro matiza as opiniões sobre Lula — a tal polarização que a esquerda diz não existir para não equivaler os dois personagens, mas que na prática eleitoral está dada.
Entre quem acha que o governo Bolsonaro é bom ou ótimo, 79% acham que a sentença de Lula foi justa, 78% que Fachin agiu mal e 77%, que o petista não deve concorrer em 2022.
Já 58% dos que reprovam o presidente acham que a condenação do tríplex foi injusta, enquanto 62% creem que o ministro do Supremo acertou. E 65% querem ver Lula na urna em 2022.
Folha de S.Paulo