A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra medidas de restrição impostas por governadores e prefeitos para conter o avanço da Covid-19 gerou críticas entre os parlamentares, que apontam excesso e interesse eleitoral. Bolsonaro anunciou que investiria em duas frentes contra as medidas, uma no Congresso Nacional e outra no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em conversa com apoiadores nesta semana, o presidente criticou novamente as medidas restritivas que, no entender dele, estariam usurpando a Constituição ao “retirar o direito de ir e vir das pessoas”, medida que só poderia ser adotada mediante decretação de estado de sítio ou de defesa. Nesses casos, disse Bolsonaro, o Congresso Nacional tinha de ser ouvido. A menção ao estado de sítio acendeu o alerta de parlamentares.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) comentou em seu Twitter: “há muitos fantasmas empoleirados pedindo restabelecimento da ordem e até o estado de sítio. Apesar do governo, o povo brasileiro está em ordem, e estado de sítio é uma decisão que cabe ao Congresso, não ao presidente”.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em sua rede social que “nenhum país aguenta tanto tempo de tanta irresponsabilidade nas mãos de um inconsequente”, em referência a Bolsonaro. “Ao acionar o STF para acabar com as medidas de restrição, e enviando um PL ao Congresso para determinar o que é atividade essencial ou não, o presidente quer as instituições contra ele para reforçar sua falsa narrativa de eterno perseguido”, avaliou Maia.
O deputado Fábio Trad (PSD-MS), vice-líder do bloco que deu sustentação à eleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara, considerou o “flerte” de Bolsonaro com a decretação de estado de sítio um “claro ensaio à ditadura” e defendeu reação dos demais Poderes.