O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou hoje ao UOL Entrevista que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enfraquece o ministro da Economia, Paulo Guedes, confronta as instituições, subestima a pandemia de covid-19 e “esquece” de governar para cuidar de sua reeleição. Apesar disso, ele rejeita o impeachment e espera que o eleitor decida sobre o futuro presidencial nas eleições de 2022.
Em entrevista ao colunista Tales Faria e ao repórter Carlos Madeiro, Bivar também comentou a possível expulsão da deputada federal Bia Kicis (DF) do PSL, que votou contra a PEC do Fundeb, defendida pelo partido.
Bivar disse que estava confiante com o início do governo Bolsonaro e as reformas de Estado iniciadas por ele, como a previdenciária. Em dado momento, no entanto, o presidente teria abandonado as mudanças em nome da reeleição.
Eu estava tão esperançoso para outras reformas (…) Mas, de repente, ele começou a se esquecer das coisas principais, que é governar o país, para se preocupar com as eleições de 2022. Acho que foi algo muito açodado, que preocupou a todos nós.
Bolsonaro “subestimou pandemia”
O presidente do PSL também criticou o comportamento presidencial diante da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 80 mil brasileiros.
“Ele [Bolsonaro] subestimou os efeitos da pandemia e deixou o país despreparado”, afirmou. “Se estivéssemos preparados, não teria tanto sofrimento. O pior é que está fora de controle. Não tem politica estabelecida sobre a pandemia. O povo está fazendo sua parte, mas precisa de uma massa representativa. É preocupante.”
Para ele, Bolsonaro não deveria ignorar “dados científicos” em nome de convicções pessoais porque, ao ser eleito, ele teria de tomar o cargo “como um sacerdócio”.
Bivar admitiu a possibilidade de que o presidente acabe responsabilizado, mas descartou o impeachment.
“Tudo é custo benefício: hoje significaria, num país fragilizado, um processo doloroso. Se a gente acredita no sistema, a gente tem de aguardar o tempo certo”, afirmou. “Será que vale a pena abrir um processo agora ou esperar uma nova eleição em um ano e meio?”.
Agredir o STF “é retrocesso”
Bivar também criticou a relação de Bolsonaro com as instituições, como o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso. “No momento em que você fustiga a democracia, isso é assustador. (…) Quando vejo esse viés autoritário, que descaminha das instituições do país, isso me assunta.”
Ele chegou a reconhecer o papel da esquerda, “mais contundente na defesa das instituições democráticas”.
“Nossas diferenças são grandes, mas estamos na mesma esteira na defesa da democracia”, disse. “Tem deputado que agride o próprio Parlamento, um contrassenso.”