A divulgação da reunião ministerial de 22 de abril com a supressão de trechos referentes à China não foi suficiente para acalmar o governo. Ala militar e equipe econômica ainda temem uma crise com a potência asiática.
O desgaste na relação entre Executivo e Judiciário preocupa. Por isso, militares e integrantes do time do ministro Paulo Guedes (Economia) consideram ser grande a possibilidade de o conteúdo preservado ser vazado nas próximas semanas.
Na avaliação deles, isso pode criar um incidente diplomático que afetaria a relação comercial entre os dois países.
O ministro do STF Celso de Mello retirou citações à China na gravação. O vídeo foi divulgado na sexta (22) no âmbito do inquérito que apura suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
Segundo relatos feitos à Folha, nos trechos em negrito, há uma referência pejorativa ao Partido Comunista Chinês, do líder Xi Jinping.
Há também a citação de uma suposta conspiração sobre envolvimento do serviço secreto chinês em crises no continente americano.
A preocupação é que o vazamento das novas críticas possa agravar mais ainda a relação entre Brasil e China. Isso pode afetar a cotação do dólar e os índices da Bolsa.
Na sexta, o mercado reagiu de maneira positiva ao conteúdo da reunião. Analistas financeiros ouvidos pela Folha esperavam que o discurso anti-China fosse mais forte.
O receio é que essa expectativa se quebre caso o restante do conteúdo seja revelado.
Para evitar uma futura crise, a cúpula militar tem defendido que o Ministério de Relações Exteriores se antecipe.
Os fardados do governo pedem que o Itamaraty entre em contato nesta semana com o governo chinês para reafirmar a parceria comercial entre os dois países. Eles querem ainda reforçar que comentários avulsos não representam a posição oficial da atual gestão.
A informação é da Folha de S. Paulo