Incrível como tem gente que, mesmo diante de uma tragédia que afeta toda a humanidade, consegue gastar o precioso tempo fomentando debates intermináveis com pano de fundo ideológico e nem consegue com a sua miopia perceber o óbvio ululante de que a pauta mudou e mudou radicalmente.
Entendo que as necessárias medidas restritivas de distanciamento social criam problemas econômicos imensuráveis e que, se de um lado protegem a população de uma disseminação desordenada do coronavírus, do outro provocam queda no consumo e que milhares de trabalhadores informais, comerciantes e empresários estão sem saber o que fazer para tocar seus negócios, honrar compromissos e até bancar despesas pessoais, mas nesse clima de economia de guerra é o estado quem deve preencher essa lacuna e apresentar soluções específicas para cada segmento.
Aquela conversa moderninha e liberal do estado mínimo cai por terra em momentos de calamidade, pois a vida não segue seu curso normal. Por todo o mundo os governos adotam medidas emergenciais e aos poucos todos vão se conscientizando que não resta mais nada a fazer a não ser se resguardar, proteger a saúde.
Proponho aqui um cessar fogo, como pediu aos países em conflito a ONU. A mesma lógica serve para a batalha ideológica interminável das redes sociais, completamente inconvenientes em um momento em que todos nós do planeta terra estamos nivelados horizontalmente por uma ameaça invisível e viral.
Pratiquemos a solidariedade, tenhamos todos piedade um dos outros, pois estamos todos expostos nessa loteria que mais parece uma roleta russa global.
A pauta, amigos, mudou e quem insistir em remar contra a correnteza pode acabar virando a canoa e morrendo infectado pelo vírus da ignorância.
Dércio Alcântara
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