“E não é só isso: começamos a ver outros setores da sociedade discutindo o câmbio, empresários, importadores. Ou seja, o que se imagina que poderia ajudar a economia – nas exportações, por exemplo -, começa a ter impacto contrário, afetando as condições financeiras e o nível de confiança para investir e consumir.”
Nesta quinta-feira, o Banco Central realizou três leilões de swap, ambos ofertando o equivalente a US$ 1 bilhão. Apesar da ação do BC, o dólar continua subindo e avançava 1,42% por volta das 12h40, aos R$ 4,6436.
O movimento também começa a afetar o trecho intermediário da curva de juros. Nas máximas do dia, as taxas dos contratos de DI para 2022 e 2023 exibiam alta de 20 pontos-base.
Para o profissional, o comportamento recente do câmbio mostra que o BC deveria repensar sua atuação.
“O BC vem nesse discurso de que dólar alto não é problema, de prover liquidez apenas com ações pontuais, mas o movimento hoje mostra que os leilões não estão mais fazendo impacto sobre os preços. Na verdade, estão praticamente ignorando e passando por cima, o que corrobora a visão de que é um movimento especulativo”, diz.
Masagão entende que, desde que voltou a colocar sobre a mesa a possibilidade de novas quedas da Selic este ano, a autoridade monetária trouxe volatilidade adicional aos mercados. Caso entenda ser necessário prosseguir com os cortes, portanto, deveria agir para interromper o reflexo disso sobre a moeda.
“Acreditamos que o BC deveria aumentar os volumes de intervenção. A forma como isso deve ser feita [se através de um programa ou pontualmente] importa pouco. O importante é interromper essa dinâmica especulativa”, diz.
A reportagem é do O Globo