O embate entre bolsonaristas nas redes em torno da CPI da Lava Toga foi diagnosticado por políticos de centro-direita como um marco na relação do clã Bolsonaro com sua militância e com o PSL. O fato de Olavo de Carvalho ter radicalizado o discurso, apelando ao apoio incondicional à pessoa do presidente, e não mais a pautas como o combate à corrupção, foi visto como um aceno ao núcleo mais duro do bolsonarismo – e um estímulo ao expurgo dos outros grupos que o circundam.
Guru de uma ala do bolsonarismo, Olavo de Carvalho postou vídeo no fim de semana no qual condena o debate sobre a CPI da Lava Toga. “Vamos combater a corrupção? Não! Vamos combater o comunismo primeiro, seus idiotas. (…) O problema do Brasil não é a corrupção, é o Foro de São Paulo”, ele diz.
Carvalho afirma que Bolsonaro precisa de uma militância que seja só dele, e não de pautas. A pregação, endossada por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assustou integrantes do PSL que viram na fala “um culto personalista, que vai levar o presidente ao isolamento, afastando os que têm qualquer racionalidade”.
Aliados de Bolsonaro dizem que ele se ressente dos que ajudou a eleger “e hoje só atrapalham”. A situação de Major Olímpio (PSL-SP) já era ruim, mas agora beira o insustentável. O ataque dele a Flávio Bolsonaro, em O Estado de S. Paulo, foi interpretado como sinal de que Olímpio quer cavar uma saída da sigla, tentando levar outros consigo.
Para a cúpula do PSL, a conduta da senadora Selma Arruda (PSL-MT), a “Moro de saias”, é estratégica. Ela endossa a CPI da Lava Toga numa tentativa de se aproximar de ala do Supremo que criticou o principal foco da polêmica investigação parlamentar: o inquérito aberto a pedido de Dias Toffoli para investigar fake news.
Selma é alvo de processo rumoroso no TSE e tenta reverter na corte superior eleitoral veredito da primeira instância que a condenou à perda do mandato. Mira, portanto, ministros da corte que são contrários ao inquérito, como Luís Roberto Barroso.
Grupos de direita acham que a separação entre bolsonaristas e lavajatistas já ocorreu. Sem poder abraçar a pauta do combate à corrupção, restará ao presidente, para chegar até 2022, torcer pelo crescimento econômico.
A informação é da coluna Painel da Folha de São Paulo.