Basta um único boneco no centro do palco, que a plateia já se forma esperando o espetáculo. O ventríloquo, que se coloca como senhor do bem e do mal, desenvolve sua farsa, a qual chama de história, diante do atônito público que se entreolha boquiaberto.
O pedaço de pau, então vestido de boneco, ganha vida e, num verdadeiro show de ilusionismo, conta sua verdade capenga sob os holofotes da imprensa.
Naturalmente, respeito o valor deste artifício nas artes, mas, no jogo político, bonecos não passam de bonecos e tornam-se bizarros. Ainda não ouvimos as vozes dos verdadeiros protagonistas da cena, nesse teatro de péssimo gosto, em que os atores principais não vão além da coxia e, de lá, apenas resmungam, mais nada.
No entanto, toda farsa, toda trama tem um desfecho e de nada valem as especulações ou insinuações dos que querem aparecer mais que os personagens principais. Eles sim devem assumir o procênio, mostrar a cara e recitar o verso que lhes cabem, dando fim à comédia, ou tragédia, seja lá o que for.
Assim, lancem apostas os que quiserem. Por ora, cabe-nos aguardar os próximos atos, aguentar a tagarelice dos ventríloquos e ver, no final, quem está de mãos dadas com quem, qual dos personagens ficou de mal com o outro, quem veio para o palco e quem se escondeu atrás do cenário.
Alguém já ouviu Cássio dizer que é candidato? Alguém assistiu na televisão alguma vez ele afirmar que rompeu com o governador Ricardo Coutinho?
A resposta é não! Mas os ventrílocos insistem em dublar seus bonecos.