A cena que vou descrever agora aconteceu no primeiro turno. Os dois Lucianos, Agra e Cartaxo, cumprem mais uma etapa na implementação do plano traçado e nas respectivas agendas daquele dia consta o compromisso com os agentes de saúde em uma casa de eventos da inteira confiança dos organizadores.
Eles trocam telefonemas e saem para o encontro aonde vão se juntar a secretária de Saúde Roseana Meira e o Procurador Geral do Município Vandalberto Carvalho.
A coordenação da campanha liga para o pessoal da Prefeitura encarregado da organização e certifica-se de que o encontro reservado não vazou e que está tudo em perfeito sigilo.
Do outro lado, a própria secretária Roseana garante ao deputado Anísio Maia que está tudo dentro dos conformes.
– Fazemos isso desde que chegamos ao poder com Ricardo e sempre deu certo, fique tranquilo – diz ela a Anísio por telefone, que dentro do carro com Cartaxo faz o sinal de legal com o polegar para o futuro prefeito.
Por coincidência, chegam ao estacionamento da casa de eventos juntos com Roseana e vão direto para a reunião com os agentes de saúde, seguros de que a reunião está blindada.
Crente que não tem ninguém gravando o crime eleitoral em andamento, Roseana anuncia Luciano Cartaxo como o futuro prefeito e pede votos escancaradamente para ele.
Tranquilo pela informação de que ta tudo limpo, Cartaxo morde a isca e comete o maior erro de sua campanha.
O resto todos nós sabemos. Agra chega depois e pede votos para o xará e o procurador Vandalberto Carvalho diz que se Agra não resolver a pendenga dos agentes de saúde quem vai resolver é Cartaxo, que na bucha diz: “Eu vim aqui pra dizer a vocês que a gente em janeiro de dois mil e treze, resolvemos definitivamente. É isso que eu quero garantir pra vocês. Ou sai até primeiro de dezembro, ou sai no início do próximo ano, quando a gente chegar na Prefeitura Municipal de João Pessoa… Que eu não tenho a menor dúvida disso. Eu não tenho a menor dúvida disso! (…)Eu acredito que o Prefeito Luciano Agra vai resolver até trinta e um de dezembro, porque eu acho que o juiz vai compreender que passado novembro, outubro, o período de outubro das eleições, já se tem condição de resolver isso. Mas se não, se entender que ainda é um processo pra pós-eleição, a gente faz no início do próximo ano“.
Alguém grava tudo e entrega a este blogueiro e a outros jornalistas, que publicam o vídeo e na sequencia três AIJES (Ação de Investigação da Justiça Eleitoral) são protocoladas contra Cartaxo, pedindo a cassação do seu registro e inelegibilidade, além da cassação do prefeito Agra por improbidade.
Protocoladas por três coligações, PMDB, PSB e PSDB, as AIJES ainda foram reforçadas pelo registro de uma ação criminal.
Mas, deve está perguntando o nosso leitor, o que acontecerá agora?
Façamos primeiro um recorte e voltemos ao pós-campanha. O vídeo que os senhores poderão assistir abaixo, e que está separado em quatro partes para o youtube aceitar, é uma prova inconteste de que a máquina da Prefeitura de João Pessoa fez a diferença e levou Cartaxo, numa primeira etapa, ao segundo e a partir daí a vitória.
Se a Prefeitura tem um exército de 17 mil temporários é claro que o prefeito não levou o candidato do PT a uma só reunião, mas a lógica diz que o prefeito eleito foi a várias, como a que foi flagrado, e lá foi apresentado como o futuro prefeito e fez promessas ou foi testemunha das promessas de Agra aos provisórios.
O problema é que uma decisão do tribunal de Justiça mandou que todos fossem demitidos e agora Agra e Cartaxo não poderão honrar com o que prometeram nas dezenas de reuniões que promoveram.
Há ainda a possibilidade de terem agido de ma fé, mentindo para os 17 mil temporários, pois já sabiam da sentença.
Magoados, lideranças e anônimos dos temporários estão se movimentando para ir à forra e alguns fazem contato com jornalistas e anunciam que outros vídeos estão guardados e virão a público no momento certo.
Um deles eu tive acesso e é tão explosivo juridicamente falando que o que foi protocolado na AIJE contra Cartaxo é apenas um couvert, pois a mesma displicência se repete e até de forma mais enfática.
Soube que a cúpula do PT já sabe da potencialização e está muito preocupada com o que poderá acontecer daqui pra frente. Mais ainda, me contaram que Cartaxo determinou uma operação abafa como prioridade, temendo uma cascata de ações e a perda do mandato, o que de fato pode acontecer no prazo de até um ano e meio, quando seria cassado, ficaria inelegível por oito anos e seriam convocadas eleições diretas na Capital, pois o segundo lugar, Cícero Lucena, não obteve metade mais um dos votos validos.
Mas, qual o conteúdo das AIJES, em que estágio de tramitação estão e quando serão julgadas?
Daqui a pouco eu conto tudo. O Blog do Dércio está de volta ao front.