Pela primeira vez em minha vida fui hoje a uma delegacia registrar um BO e também pela primeira vez pedi ao meu advogado Samaroni Filho que ingresse com uma ação contra outra pessoa, no caso contra duas pessoas. É que, como jornalista, defendo a liberdade de expressão e geralmente sou acionado por quem se sente incomodado, mas dessa vez quem se sente incomodado sou eu.
Ontem escrevi aqui um artigo onde digo e provo que o chefe de gabinete da SECOM, Diego Lima, fez duras críticas ao presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino. E os diálogos de Diego no grupo de WhatsApp foram printados e enviados para vários jornalistas, entres estes, eu.
Na matéria tratei Diego como ele gosta de se apresentar, o irmão de criação do governador Ricardo Coutinho. É ele mesmo quem alardeia para mostrar intimidade com o governador.
Horas depois passei a receber uma sequência de cinco ligações do número 98719.7717, onde alguém que se indentificava como Daniel Alves de Lima, policial e irmão de Diego Lima, me chamava de “safado” e passava a me ameaçar com agressão física na hora que me encontrasse.
Fui calmo e frio e pedi ao interlocutor que se acalmasse e explicasse o motivo da ira. Ele repetiu que era irmão de Diego Lima e que na casa dele tinham seis irmãos homens para calar a minha boca.
Não me deixei amedrontar e, apesar da exigência para que eu retirasse a matéria, mantive e fui surpreendido mais uma vez hoje de manhã com a renovação das ameaças, dessa vez através do próprio Diego Lima, que disse com todas as letras, conforme todos podem ouvir no áudio, que mandou o irmão ligar pra mim e que a família dele não perde tempo com Justiça, “resolve” do seu jeito, insinuando e confirmando as ameaças feitas no dia anterior pelo irmão Daniel, conforme também gravei e disponibilizo abaixo.
Orientado por meu advogado fui até a Delegacia do Turista, no prédio da PBTUR, e registrei o BO. Aliás, devo dizer que fui muito bem atendido pelo escrivão e pelo delegado Francisco Alves de Azevedo.
Para quem enfrentou as baionetas do regime militar e o cerco jurídico do governo RC, encarar uma ameaça a mais não afeta a coragem que tenho como marca forte de quem noticia a verdade doa a quem doer.
O que me assusta é o nível do debate político e a intempestividade com o contraponto, marca desse governo. Como pode alguém que ocupa uma função estratégica numa secretaria de Comunicação e em um programa de grande audiência como o de Samuka e Emerson, na rádio Correio, responder críticas com ameaças de morte?
Não acrescentei nada que não tenha acontecido na matéria em que Diego Lima atacou o presidente da Assembleia. E se tivesse atingido a honra estaria pronto a responder mais um processo, como já respondi e respondo tantos, as vezes ganhando as vezes perdendo, mas entre isso e o chefe de gabinete da SECOM, irmão de criação do governador, mandar um irmão que se diz policial me fazer ameaças, vai muita reflexão para a política de comunicação e segurança pública desse governo.
Espero que o Dr, Roberto Cavalcante não permita que os papéis se invertam e um radialista que usa os microfones de sua empresa ataque a liberdade de expressão ou tire a vida de um jornalista por causa de uma notícia.