A audiência de Sergio Moro na CCJ do Senado ontem rendeu ao ex-juiz federal alguns frutos (positivos e negativos). Ficou claro, pela legislação trazida pelos senadores, que ele cometeu desvio de conduta ao se comportar de maneira imparcial no caso. Resta saber quais serão as consequências políticas e jurídicas dessa conversa. Leia a opinião de Josias de Souza, colunista do Portal UOL:
“Sergio Moro viveu momentos constrangedores na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Habituado a operar no ataque, o ex-juiz teve de se defender. Famoso por seus interrogatórios, viveu a experiência de um interrogado. Para complicar, havia entre seus inquisidores senadores culpados e cúmplices. Gente que merece o banco dos réus, não um assento no Senado.
Moro chegou a essa situação graças à divulgação das mensagens que revelaram a atmosfera de colaboração que havia entre ele e o coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol. Com a imparcialidade de juiz colocada em dúvida, Moro aproveitou a passagem pelo Senado para consolidar a vacina com a qual planeja imunizar-se contra a radioatividade das mensagens.
De tudo o que foi divulgado, o ministro da Justiça disse reconhecer “algumas coisas”. Mas alega que certas coisas lhe causam “estranheza”. E sustenta que as mensagens podem ser “total ou parcialmente adulteradas”. Agarrado a esses mantras, Moro joga sua comunicação com o procurador num limbo marcado pela imprecisão. E sustenta não ter feito nada de errado.
Assim, Moro espera facilitar a sua rotina, tornando automática a explicação a ser dada cada vez que for acionado o conta-gotas das mensagens que ainda estão por vazar. Espera também dificultar das “vivandeiras da nulidade”, como se referiu às pessoas que tentam anular sentenças da Lava Jato. Nesse ponto, a estratégia de Moro será testada na semana que vem, quando a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal se reúne para julgar o recurso em que a defesa de Lula pede a anulação da condenação no caso do tríplex.”
Da redação