Os médicos da rede hospitalar municipal de João Pessoa perderam de vez a paciência com o prefeito Luciano Agra e com a secretária Roseana Meira.
Ontem à noite, em assembléia geral, a categoria decidiu deflagrar greve por tempo indeterminado.
Os 600 médicos efetivos da prefeitura da Capital param as atividades já na próxima segunda-feira, 04 de abril, após as 72h previstas para estabelecer comunicação com os órgãos e rede hospitalar. A partir desta data, serão mantidos apenas os serviços de urgência e emergência. Ficou definida ainda a adesão da categoria à mobilização nacional, que acontece dia 07 de abril.
E de nada vai adiantar o argumento da gestão municipal de que só negocia com o retorno das atividades, já que foram mais de 90 dias esperando pela negociação.
De acordo com o presidente do SIMED/PB, Tarcísio Campos, o Sindicato vem tentando entrar em negociação com a Secretaria Municipal de Saúde desde dezembro do ano passado. No último 01 de março houve paralisação de advertência e, até a realização da assembleia desta quarta-feira, nenhuma contraproposta da prefeitura foi dirigida ao Sindicato, mesmo tendo sido solicitada audiência com a secretária municipal de saúde, Roseana Meira, e com o prefeito Luciano Agra.
Enquanto a prefeitura não abre um canal de diálogo, quem sofre é a população, com o caos na saúde pública do município.
Só no Ortotrauma de Mangabeira existem hoje mais de 100 pacientes aguardando cirurgias, com a maioria deles esperando em macas. Não é só isso. O aparelho de colonoscopia está quebrado há mais de três meses e o Ministério Público constatou recentemente que a situação continua mesma.
Pensam que acabou? Tem mais. Mais de 600 pessoas estão na fila da secretaria municipal para serem operados e no Hospital Santa Isabel já se pensava em fazer mutirão nos finais de semana. A Maternidade Cândida Vargas continua superlotada e falta todo tipo de material. Faltam respiradores, pacientes ficam internadas dentro do centro cirúrgico no pós-operatório, aguardando vagas. No Hospital do Valentina, há poucos médicos para uma alta demanda, que é reflexo dos PSFs que não funcionam. Aos médicos das policlínicas é pago por mês R$ 250,00 de produtividade. Ou seja, o descaso na saúde tomou conta de toda a rede municipal.
Enquanto isso, Roseana Meira continua preocupada em influir na Secretaria de Saúde do Estado, deixando o município abandonado.