A vida não é fácil, caso contrário não comemoraríamos nossos aniversários a cada ano em que sobrevivemos nesta Terra onde sofrimento e alegrias se revezam, mas confesso que há momentos em que o gosto amargo da decepção se instaura profundamente em nossa boca.
Vejo colegas de profissão, pelos quais sempre tive respeito e admiração, se unirem contra a API (Associação Paraibana de Imprensa), rotulando todos aqueles que se sentem perseguidos, pelo uso do aparato policial ou governamental como instrumento de intimidação, de serem partidários de um político A ou B. Julgam os outros por sua experiência pessoal, de dividir uma classe profissional entre governistas e oposição. Sinto decepcionar os amigos e inimigos, mas não estou na oposição e nem no governo, continuo pertencendo ao jornalismo, em defesa de tudo que acredito e julgo digno de ser levado ao conhecimento público.
Entenda o leitor que estes que nos chamam de jornalistas de oposição, subliminarmente ou mesmo de maneira escancarada, se mostram mais governistas que jornalistas. Se nossa imprensa é só isso é melhor não ler nada, afinal tudo está contaminado com interesses pessoais. Será que não existe ninguém que escreva apenas preocupado com a verdade, amiguinhos? Não julgue o mundo por seu próprio caráter.
Entendo a posição do secretário de Comunicação do Estado, por quem já fui agredido através do twitter. A função de Nonato é defender o governo e desqualificar qualquer acusação contra a atual gestão. Ele é pago para isso e cumpre seu papel muito bem, mas e nossos colegas de batente?! Jamais esperei ver colegas de profissão tentarem limitar a liberdade de imprensa (algo que nem o STF admite) e só para deixar claro que ninguém está perseguindo a família de ninguém, quem costuma dar detalhes de sua vida íntima em redes sociais não somos nós. Se uma autoridade ou seus parentes tomam esta iniciativa, bem sabem que internautas e blogueiros vão terminar fazendo comentários maldosos. Como diz a sabedoria popular, quem defeca em público não tem privada.
Jornalistas foram intimidados pelo uso de força policial, tiveram intimações entregues a editores (buscando fragilizar as relações destes em suas empresas), são sucessivamente processados (ainda que apresentem provas incontestáveis das denúncias), demitidos por ordem de políticos e poderosos, mas agora chegamos ao limite. Se nossos próprios colegas se prestam a este papel, não falta mais nada acontecer…
Apesar do gosto amargo da decepção, sinto orgulho de estar do lado dos 50 que ousaram assinar aquele documento. A História nos ensina que em Esparta, os 300 soldados de Leônidas foram derrotados pelo gigantesco exército de Xerxes, mas permaneceram com algo que nem a morte pode arrancar, a coragem e a honra!
Janildo Silva
Editor do Portal ClickPb