Segundo nota publicada no Blog do Josias,colunista da Folha, o PT e a presidenta Dilma poderão bater cabeça…ou não.
Tudo por causa da indicação de Rui falcão para o cargo máximo do partido, a presidência.
Dilma ‘engole’ Falcão após tê-lo mandado ao freezer
Sérgio Lima/Folha
Dilma Rousseff telefonou para o deputado estadual Rui Falcão no final da tarde desta quinta-feira (28). Em timbre protocolar, cumprimentou-o.
A presidente pôs-se à disposição do interlocutor para discutir temas que interessem mutuamente ao governo e ao PT.
Com essa ligação, quebrou-se uma camada de gelo que separava Dilma de Falcão desde a campanha presidencial de 2010.
Nesta sexta (29), o diretório nacional do PT acomodará Falcão na presidência da legenda. E Dilma terá de conviver com ele.
Preferia outro nome, o do senador Humberto Costa (PT-PE). Mas a notícia de que Falcão prevalecera no PT chegou ao Planalto como prato feito.
Lula, que também se inclinava por Humberto, esquivara-se de vetar Falcão. Avalizara-o. E Dilma optou por também engoli-lo.
Falcão frequentou o comitê eleitoral de Dilma como coordenador do setor de comunicação. Súbito, tornou-se pivô de uma encrenca.
Acusado de comprar dados fiscais sigilosos de tucanos e familiares de José Serra, o repórter Amaury Ribeiro Jr. citou Falcão num depoimento à PF.
Segundo a versão do repórter, Falcão furtou de seu lap-top, num quarto de hotel de Brasília, os dados fiscais da turma de Serra, convertidos em dossiê e levados às manchetes.
Falcão negou. Abriu processo judicial contra Amaury. Mas Dilma mandou-o ao freezer. O coordenador deixou o comitê de fininho.
Abaixo, os trechos do depoimento em que Amaury jogou Falcão na fogueira do dossiê fiscal anti-Serra.
Em privado, o petismo difundiu na época a versão de que Falcão agira para enfraquecer outro coordenador do comitê, o mineiro Fernando Pimentel.
Íntimo amigo de Dilma, Pimentel levara para a campanha o jornalista Luiz Lanzetta, que recorreu aos préstimos de Amaury.
Curiosamente, Falcão, mineiro como Dilma e Pimentel, coabitara com a dupla o mesmo grupo guerrilheiro que foi às armas contra a ditadura militar, o VAR-Palmares.
Eleita sucessora de Lula, Dilma converteu Pimentel em ministro do Desenvolvimento. Falcão, eleito deputado estadual em São Paulo, foi mantido no congelador de Brasília.
Agora, guindado ao topo da legenda, Falcão se impõe a Dilma, compelida a degelá-lo, ainda que a contragosto.
Falcão começou a virar fato consumado numa reunião do grão-petismo. Deu-se na noite de quarta (27). Arrastou-se pela madrugada de quinta (28).
No centro da articulação estava o ex-chefão da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu.
Presentes ao encontro o próprio Falcão e também Humberto Costa, que fora ao noticiário como preferido de Lula e Dilma.
Tendo atrás de si o ex-Campo Majoritário, hoje Construindo um Novo Brasil, o grupo de Dirceu esgrimiu o discurso de que a sucessão estava aberta. Lorota.
Em verdade, a turma de Dirceu já havia costurado com outras tendências do PT um condomínio que reunia algo como 60% dos votos do diretório num balaio pró-Falcão.
Ao sentir o cheiro de queimado, Humberto Costa disse que não disputava o cargo. Em público, disse que preferiu dar prioridade à liderança do PT no Senado (assista no vídeo abaixo).
Restava, então, obter o assentimento de Lula. Discutiu-se com o ex-soberano uma lista de três nomes: Falcão, Humberto e o ex-ministro Luiz Dulci.
Pressentia-se que Lula não liberaria Dulci, hoje seu assessor no Instituto de Cidadania. Algo que, de fato, ocorreu.
Falcão jamais se aventuraria na presidência do PT se Lula o tivesse vetado. Porém, o veto não veio. E o ex-congelado, empurrado por Dirceu, prevaleceu.
Em tempo: a exemplo do que ocorrera no caso dos aloprados petistas pilhados na campanha de 2006 numa operação de compra de dossiê anti-tucanos, a alopragem fiscal de 2010 é, ainda, uma