Aquela humildade que Cássio espalhou via Twitter, contrito e cheio de fé, quase santo, ficou no banco do avião quando ele desceu no aeroporto Juscelino Kubistchek na véspera de sua posse.
Eu sabia que dentro daquela fachada de vítima resignada se espremia um ego inflado e indomável.
Custava Cássio respeitar a vontade do povo que subrescreveu o Ficha Limpa? Aliás, o mesmo povo que ele disse que tinha soberanamente exigido a sua posse.
Sobre a vontade do povo há controvérsias. O povo que Cássio e seu grupo compra, por exemplo, não pode ser comparado ao povo que votou nele por pena ou amor, pois comparados pelo grau de sedução eu diria que uma parte recebeu cachê para fazer o michê e a outra deu de graça, achando que ia casar.
Quem foi às ruas pedir a aprovação do Ficha Limpa por não aguentar mais morar em um país de políticos picaretas pensa diferente de quem foi às urnas dizer que Cássio era um ficha suja que merecia continuar aprontando.
Entre o povo que usa a razão e o povo que usou só a emoção existe agora Cássio, o senador que provou por A + B que a vontade do povo é bacana só quando lhe beneficia.
Resumindo, Cássio poderia ter pego a bagagem de mão onde aquele Cássio humilde foi largado e feito um discurso de posse menos arrogante.
Cássio não muda, apenas vez por outra usa uma roupa diferente.
Outra coisa, Cássio só é senador porque a legislação é capenga e no meio do caminho deu a sorte de encontrar um cara chamado Fux.
O resto é conversa mole.