Diminuí o ritmo das postagens devido ao engessamento das decisões judiciais. Escrever com a espada do Judiciário no pescoço é um saco. Os poderosos sempre encontram dentro das margens da Lei um jeitinho de amordaçar a imprensa e tirar de circulação assuntos que incomodam, mesmo que verdades documentadas.
Por exemplo, a cerca de um mês postei aqui uma notícia sobre o afastamento de Dom Aldo Pagotto das funções e os motivos que levaram o Vaticano adotar tal medida.
O Arcebispo chamou oito padres e juntos foram até a Central de Polícia registrar cada um uma queixa contra este blogueiro, argumentando que estavam sendo caluniados.
Neste final de semana o poderoso Sistema Paraíba reverberou a mesma notícia em seu Jornal da Paraíba e levou ao ar para toda Paraíba no televisivo JPB.
O que o juiz que concedeu liminar determinando que eu retirasse do blog o mesmo fato agora noticiado pela afiliada da Globo deve está pensando a essa hora?
Que com uma decisão judicial impediu que a verdade sobre uma autoridade tão importante fosse levada ao público.
O que o delegado que me intimou e me recebeu nervoso na Central de Polícia, impressionado com a queixa de oito padres e um arcebispo deve está pensando agora?
Que tudo que revelei era verdade e os papéis se inverteram. Quem errou registrou uma queixa reclamando por eu ter contado a todo mundo o que era para ficar abafado. Isso é calúnia, injúria ou difamação?
Nenhuma das alternativas. Isso, meus leitores, é má fé do arcebispo dom Aldo e dos oito padres, abuso de poder do juiz e do delegado e vulnerabilidade de uma Lei de Imprensa que não protege o jornalista em nada.
As verdades que eu disse foram tiradas do ar por um juiz que deu mais crédito às mentiras de um arcebispo e de oito padres.
Ou seja: mentir pode, falar a verdade não. E isso me desestimula muito, pois cada oficial de justiça que me notifica gera uma demanda judicial em que eu tenho que ter advogado e saco para ouvir numa audiência toda aquela hipocrisia de quem fez, mas usa a Justiça para dizer que não fez e ainda quer que um juiz me condene pela ousadia de ter tido a decência de revelar o que deveria ter ficado debaixo dos panos.