BAÍA DA TRAIÇÃO – Imaginemos a seguinte situação acontecendo em junho de 2014. O governador Ricardo Coutinho implora ao prefeito Luciano Cartaxo o apoio do PT para que a sua candidatura não seja inviabilizada, pois os aliados do senador Cássio estão pulando a cerca e esvaziando sua reeleição.
O apelo acontece num encontro administrativo na Granja Santana e quatro dias depois o prefeito de João Pessoa envia pela imprensa uma carta exigindo ajustes na máquina para que a aliança prospere.
Cartaxo diz que o PT se reuniu e colocou como pré-condição que o governador reabra as mais de 200 escolas que fechou, instale auditorias para apurar todas as denúncias de corrupção na gestão apresentadas na imprensa, puna os corruptos, mesmo que sejam familiares e reduza a violência, além de outros 13 pontos importantes.
PÉ NO BUCHO
Ricardo fica sabendo das exigências e sinaliza positivamente, diz que cumprirá a risca ao longo do tempo, mas precisa do apoio agora, pois a convenção se aproxima.
Fica acertado que Lucélio Cartaxo será o candidato ao senado e que o PSB apoiará a reeleição do prefeito.
CONTO DO VIGÁRIO
O PT cai no conto do vigário, embriaga-se com o canto da sereia, vai à convenção e descobre antes da eleição que não fez um bom negócio, pois o governador traiu Lucélio e deu apoio à candidatura de Maranhão, o eleito.
Panos quentes pra lá, água fria pra cá e a aliança vence a eleição, graças à sustância do apoio do prefeito de João Pessoa e da militância do PT.
O PT espera a partilha dos cargos e descobre que o PT de Couto ficou com a maior fatia interna e que RC deixou Lucélio a ver navios no Porto de Cabedelo.
RECIPROCIDADE
Tudo bem, vamos pra frente que o que importa pra Cartaxo é a reeleição e o PSB vai apoiá-lo. Vai? Via imprensa o PSB fez publicar uma lista de exigências e só anuncia o apoio quando forem cumpridas. Uma coisa tipo cinema, onde se paga antes de assistir o filme. Ao contrário do PT, que aceitou o fiado.
Pergunto: Ricardo cumpriu sua palavra com o PT? No que se refere as exigências que listei no início desse artigo, nunca foram aparesentadas e se fossem não teria existido aliança e o governador seria Cássio.
O PT dançou em tudo até agora, obteve uma “vitória de pirro”, onde se ganha, mas não se leva. Só que a participação ampla do PT na gestão e a reciprocidade do apoio à reeleição de Cartaxo fazem parte da lógica do jogo político.
A não ser que essa aliança só tenha mão única? O tal do venha nós e vosso reino, nada.