No episódio cinematográfico do assalto ao carro forte hoje em João Pessoa, o que vimos foi o completo despreparo de nossa Polícia diante de uma situação inusitada e que requeria treinamento e tecnologia.
Os bandidos amarraram bananas de dinamite à cintura do motorista da empresa de transporte de valores e ameaçaram detonar a distância, caso ele não seguisse um roteiro escrito por profissionais.
Apavoraram os vigilantes com uma estratégia usada desde o velho oeste e imobilizaram dezenas de policiais e viaturas por horas a fio. Finalmente, fugiram com a grana sem deixar pistas.
Mais, o que me chamou a atenção foi a falta de tecnologia da nossa Polícia, que pode até ter homens do esquadrão antibombas treinados, mas nenhum deles apresentou equipamentos capazes de detectar outras bombas no carro forte, ou até mesmo a vestimenta adequada para uma aproximação e proteção em caso de explosão. Colete não resolve nada nesse tipo de caso.
Foi tudo no olhometro, na coragem, no cru. E, do mesmo jeito que o motorista do carro forte correu perigo, todos os policias que se aproximaram sem os equipamentos adequados também correram. Idem para os moradores do entorno, que, sem nenhum alerta especializado e rígido fizeram da rua um camarote. E se houvesse uma explosão?
Outra coisa que percebi foi a quantidade de policiais não qualificados circulando na cena, repórtres, cinegrafistas e fotógrafos se aproximando muito no início, sem nenhuma barreira policial para impedir.
Com a transmissão ao vivo por três emissoras através do processo de Câmera Link, foi que a retaguarda da operação percebeu e fez com que viaturas formassem barreiras para dificultar o trabalho da imprensa, que, sem perceber, flagrou a falta de estrutura de nossa Polícia para lidar com situações como essa.
O final foi feliz, as bananas de dinamite eram de verdade, mas o sistema era amador e não havia nenhum detonador à distância, o motorista teve as dinamites retiradas e foi pra casa para alíivio da família, mas podia ter sido trágico. Cá pra nós, 1×0 para o crime organizado.
E o dinheiro? Perderam tanto tempo com a encenação e o improviso, que esqueceram de perseguir os bandidos.
EM TEMPO: a perícia descobriu que não eram bananas de dinamite, mas pedaços de cano e tudo não passou de um blefe.