A denúncia feita hoje pelo jornalista Walter Santos no portal WSCOM de que a greve dos professores do município de João Pessoa tem motivações alheias as que estão postas na mesa de negociação, é muito grave.
A partir de um áudio de um ativista da linha de frente do comando de greve podemos constatar o que denuncia Walter e a partir daí temos que olhar com outros olhos a motivação grevista, basicamente política e voltada para o processo interno de eleição no Sintem.
Não podemos admitir que interesses mesquinhos de um grupo manipule uma importante categoria e prejudique 60 mil alunos matriculados na rede municipal.
É inconcebível que o projeto de manutenção no poder de meia dúzia de sindicalistas seja colocado como bandeira de todos os professores, que na essência acham que a luta é por melhores salários e condições de trabalho.
Sou a favor das greves quando se esgota a possibilidade de negociação ou quando o gestor pode e não quer conceder um reajuste pleiteado, mas usar a boa vontade dos professores – alguns ainda no estágio probatório – para cuidar do próprio umbigo, é um escárnio.
Chamou-me atenção também a maneira como no áudio o ativista trata a imprensa, que se não noticiar só o que eles querem e já não merece o respeito do sindicato se o tratamento dado a notícia for de mão dupla, ouvindo os dois lados, como manda aboa regra do jornalismo.
Enfim, a greve poderia ter outro desfecho se não tivesse vício de origem, se o prefeito Cartaxo pudesse conceder tudo que reivindicaram, se não estivéssemos em uma crise nacional.
Ilegal, agora com a revelação do áudio transcrito abaixo, a greve pela greve também pode ser definida como imoral.
Confira a fala do professor grevista
“Meu povo é o seguinte. Passei mais de dez minutos falando com a TV Cabo Branco agora, soltando todos os cachorros e os demônios, os capeta e as pombas giras que tem dentro de mim. Falando inclusive que eles abrem a boca demais pra falar que são… e que não tem lado nenhum e que com que direito eles entram no ar no horário nobre pra dizerem inverdades? Eu pedi pra eles irem nas escolas para identificar como as escolas estão abertas, pra saber a situação real das coisas, não colocar inverdades. O que foi que a redação me falou, ela pediu pra gente, pra nós professores que estamos em greve, entrar em contato que eles vão abrir sim um espaço de direito de reposta. Então eu peço que o comando de greve se organize agora e tentem ligar pra TV Cabo Branco, pra esse numero que colocaram aqui no Whatsapp e eles estão esperando a gente pra marcar e pra abrir espaço para os professores, para o comando de greve e não para o Sindicato. Então assim, eles ficaram extremamente com medo que eu falei e se não abrir a gente vai se organizar daqui a pouco e vai pra frente da TV Cabo Branco, porque isso se chama desonestidade, então eles no podem pregar algo que não cumprem. Então assim, é… Sandra, o pessoal da comissão de greve aí e da organização da greve, esqueci até o nome, que eu ‘to’ puto, nervoso, enfim, o pessoal do comando de greve, se organizem e a TV Cabo Branco tá esperando alguém ligar pra ter direito de resposta. Valeu.”