Não há dentro desta gestão Ricardo Coutinho segmento que esteja passando por uma crise maior do que o de Segurança Pública, e até mais do que a área de Saúde, já que o número de homicídios avançou quase 30% em relação ao mesmo período de 2010.
Na Saúde ou na Educação o Governo pode maquiar os índices, mas na Segurança os cadáveres podem até ser retardados, mas começam a feder e os números reais aparecem, principalmente porque os policiais estão irados e fazem questão de entregar tudo a imprensa.
Já estamos comparados a Recife e aí está a primeira meta batida por esse governador, se a ideia era a província copiar tudo que a metrópole tem.
Leia abaixo o desabafo de um membro graduado da área de Segurança, que protegerei o nome para não complicá-lo:
“A famosa e tão esperada integração das forças policiais no estado da Paraíba ainda sequer foi para o papel. Enquanto isso, conflitos de egos sacodem as estruturas da Secretaria de Segurança, dificultando ainda mais o famoso choque de gestão prometido pelo Governador Ricardo Coutinho.
A verdade é que a Polícia Militar vive hoje uma greve branca, com policiais desmotivados e desaparelhados, fazendo vistas grossas e desenvolvendo a operação tartaruga. Por outro, a Polícia Civil, igualmente desmotivada, trabalha sem armas ou coletes balísticos, com déficit de efetivo e um enorme número de inquérito parados por falta de força humana, embora exista decisão judicial que determina a nomeação de concursados do último concursa da polícia civil, realizado em 2008.
Em paralelo a isso, setores da Segurança Pública vivem em constantes guerras por status. Recentemente a Polícia Civil perdeu a posse de um ônibus que foi adquirido para seu uso, mas acabou por ser doado para a PM, gerando uma sensação de insegurança e desprestígio por parte dos policiais civis. Até mesmo a autonomia administrativa e financeira da Polícia Civil ainda não foi esboçada, simplesmente porque encontra na PM o grande obstáculo. O alto comando militar estadual teme que, com essa independência, a polícia civil alcance um nível de aceitação social acima do militar, forçando-os a sair da situação de conforto.
Há pouco dias um Tenente-Coronel envolveu um delegado numa conversinha de corredor na Secretaria de Segurança, culminando da saída do delegado da Acessória de Ações estratégicas, gerando uma insatisfação para a força civil, novamente preterida. O delegado promovia a integração entre as polícias, é bem quisto por todos, considerado como vanguardista e estava cotado para ser Delegado-Geral, o mais alto cargo da classe.
Enquanto isso, o Secretario Executivo de Segurança, Raymundo José Araújo Silvany, emplaca seu filho, Ramon Andrade Barreto Silvany, agente de investigação da Polícia Civil da Paraíba, no GAECO, grupo que combate o crime organizado e que é gerenciado pelo Ministério Público.
Não é à toa que o Secretário quer seu filho lá, pois é neste local em que as gratificações são altíssimas, comparadas com as demais oferecidas para a categoria. Esse mesmo comportamento foi encontrado no antigo comandante da Polícia Militar, o Coronel Lima Irmão, que gratificou seu filho com valores altíssimo, que mesmo sendo tenente chegou a receber acima de R$ 20.000,00 por mês.
Aliás, essa conduta protecionista também é encontrada na nomeação da nora deste secretário, conhecida por Lívia, para servi-lhe no seu gabinete, com carro e motorista a sua disposição, inclusive para realização de serviços particulares. E para incrementar ainda mais, a irmã dela, Germana, foi nomeada Gerente de Planejamento da Secretaria de Segurança.
Bem forjado como Secretário de Segurança no governo Cássio Cunha Lima, o Dr. Harrison Targino, então Secretário da Administração Penitenciária, espera assumir novamente sua cadeira, encontrando dificuldade no escudo militar que defende o então Secretário Cláudio Lima. Trata-se de uma equipe que é composta por oficiais, incluindo um tenente-coronel, e que apesar de pertencerem ao grupo maranhista, ainda gozam de prestígios no interior da pasta.
Enquanto o fogo ferve na cozinha da Secretaria de Segurança, o Comandante-Geral, Coronel Euller Chaves, não se conforma com seu distanciamento do Governo, reclamando que seu primo, Chefe da Gabinete Militar do Governador, Coronel Chaves, dificulta seu acesso ao Governador e com isso embaraça a materialização de ideias que irão alar a instituição militar.
E para confirmar o ditado que diz que nem tudo é tão ruim que não pode ser piorado, o Governador atribuiu ao comandante-Geral da PM a tarefa de solucionar a crise que assola a saúde, decretando situação de emergência e deixando a responsabilidade na mão de quem de saúde nada entende.
Com esse conflito interno, sem que o Governador assuma tal desídia, o resultado salta aos olhos. Neste primeiro quadrimestre foram contados cerca de 570 homicídios, expoente de 23% acima da média no mesmo período do ano anterior.
A população resta refém dos algozes que andejam impunes, não por inoperância da justiça, mas dessa vez das polícias, que não assumem seus conflitos internos, muito menos os solucionam, dando vez a uma imensa bola de neve.”
Com podemos perceber pelo relato acima, estamos no meio de um fogo cruzado e ninguém quer fornecer colete e as chances de a cavalaria aparecer para nos salvar é nenhuma.
Resumindo, a situação é de vaca desconhecer bezerro e Deus nos acuda.