A deputada estadual Camila Toscano, do PSDB, que está no seu primeiro mandato, admitiu a jornalistas, ontem, seu desconforto com as denúncias formuladas contra o senador afastado Aécio Neves, que teria recebido propinas do empresário Joesley Batista, da JBS. Filha do prefeito de Guarabira, na região do brejo, Zenóbio Toscano, a deputada ameaçou deixar a legenda tucana na hipótese de serem comprovadas as acusações contra Aécio Neves, que, inclusive, foi substituído na presidência nacional do partido pelo senador Tasso Jereissati, do Ceará.
No desabafo ante a onda de escândalos envolvendo figuras políticas de proa no cenário nacional, Camila Toscano ponderou que está sendo arrastada para a vala comum da política com outros tucanos envolvidos em escândalos, o que, a seu ver, cria uma atmosfera desconfortável, diante da cobrança da própria opinião pública por moralidade na administração e na política. Em Brasília, o senador Cássio Cunha Lima, que tem estado em contato com Aécio, de quem foi liderado no Congresso, salientou que é prudente que se aguarde a defesa preparada pelo parlamentar, não só para recuperar o mandato como para dar uma satisfação à opinião pública, que ele cortejou quando foi candidato a presidente da República.
Cássio frisou que, de sua parte, não faz pré-julgamento. Ontem, Aécio recorreu ao STF contra seu afastamento do mandato de senador e solicitou um novo relator para o processo a que responde. Também publicou em redes sociais vídeo em que nega ter cometido crimes e defende sua família. Reconheceu três erros, mas deu destaque ao fato de ter se deixado enganar “numa trama montada por um criminoso”, referindo-see ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, que o citou em conversa com o presidente Michel Temer e em depoimentos à Justiça. Dentro da própria família de Aécio, contudo, não há consenso sobre sua inocência. O desembargador aposentado Lauro Pacheco de Medeiros Filho, pai de Freederico Pacheco, primo de Aécio, afirmou, ontem, que falta “qualidade moral e intelectual” ao senador mineiro.
Fred foi preso após ser filmado buscando uma mala com R$ 500 mil – dinheiro de propina da JBS para o senador. “Para o bem do Brasil, sua carreira política está encerrada”, escreveu Medeiros. Já a defesa de Andrea Neves, irmã de Aécio, que foi presa em Belo Horizonte, afirmou ao Supremo Tribunal Federal que as justificativas que a levaram à prisão podem ser aplicadas ao irmão dela, Aécio Neves, senador afastado, e não a Andrea. O advogado Marcelo Leonardo pediu que a prisão preventiva de Andrea, por tempo indeterminado, seja convertida em medidas cautelares. Ela foi presa na quinta-feira e conduzida a um presídio em Belo Horizonte.
Fonte: OsGuedes