“Ninguém tira a própria vida por brincadeira, tira porque está doente”, explica a psicóloga e especialista em psicologia clínica e hospitalar pela Universidade de São Paulo (USP), Mariana Rocha. O comentário da especialista é em relação ao chamado jogo Baleia Azul, que ganhou evidência após ser alvo de investigações. Segundo informações da Polícia Militar, o jogo pode ter relação com automutilação e suicídio de adolescentes. Até o dia 20 deste mês, foram registrados 22 casos relacionados ao Baleia Azul na Paraíba.
Esse número coloca a Paraíba na posição do Estado com mais casos investigados no país. Outros sete estados também têm registros do jogo: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O Baleia Azul impõe 50 desafios aos participantes, entre eles, desenhar uma baleia no corpo com uma navalha, assistir filmes de terror às 4h20 e subir em locais altos.
Por último, o adolescente precisa cometer suicídio. Os casos vêm preocupando pais e familiares de crianças e adolescentes, mas esse é um problema antigo e maior do que um jogo. Um em cada dez adolescentes no Brasil, entre 11 e 17 anos, acessa através da internet formas de se ferir, e um em cada 20 pesquisa sobre como se suicidar, segundo o Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (Cetic).
A psicóloga Mariana Rocha explica que a causa das mortes vai além dos desafios impostos e envolve o Estado mental dos jovens. “Uma pessoa que entra em um jogo como esse já está vulnerável e doente. Não foi o jogo que a fez cometer suicídio, quero deixar isso bem claro. O jogo faz o jovem dar um passo que ele já tinha a pretensão de dar, no caso, tirar a própria vida”, disse.
Para a especialista, a motivação para entrar em jogos como esses não é curiosidade ou intimidação, na maioria dos casos os jovens estão viciados em internet. “Quando eles entram não é de graça ou porque estão com vontade de brincar, eles já estão a par de tudo”.
Fonte: PbAgora